A Fundação Perseu Abramo (FPA), em parceria com o diretório estadual do Partido dos Trabalhadores do Pará, realizou nesta segunda-feira, 28, a oficina estadual Estudo sobre o Estado, no centro da capital paraense. O evento faz parte de uma série de oficinas estaduais que a FPA vem realizando durante o ano de 2014 em diferentes estados de todas as regiões do Brasil.

Na oficina paraense, Jorgiene Oliveira, representando o diretório estadual, fez a abertura, ressaltando a tradição do Partido dos Trabalhadores em realizar debates e apresentar propostas para um desenvolvimento nacional mais justo e homogêneo. Também na abertura, o Paulo Rocha, presidente de honra do PT do Pará, cumprimentou a FPA pela iniciativa de provocar os debates políticos tão necessários ao país, para “instrumentalizar o partido, a esquerda e nossos movimentos sociais para dar continuidade as políticas que estamos fazendo”. Para Rocha, essa qualificação não acontecerá se não for enfrentada, no Congresso, a reforma política: “Não há como os setores de esquerda e populares avançarem mais sem essa reforma, nos modos e custos em que estão as eleições e o sistema eleitoral hoje”.

Na sequência da abertura, o diretor da FPA, Kjeld Jakobsen, saudou a todos os presentes, e lembrou os projetos que embasaram a realização desta e de outras oficinas estaduais, pensadas a partir da realização do Fórum Nacional da FPA, em São Paulo, em 2013. “Esse fórum foi bem sucedido, e a partir dele surgiu a proposta de tentar superar a centralização estrutural da FPA em São Paulo, que é muito pouco para atender as necessidades de um país grande como o Brasil.”

Segundo Kjeld, a partir desta perspectiva houve a iniciativa de realizar os fóruns regionais, e, destes surgiram as oficinas estaduais, que são uma grande possibilidade de apresentar um debate fundamental, que é do estado. “Este debate se constrói a partir de uma iniciativa da FPA de realizar estudos sobre cada um dos estados, com um diagnóstico sobre a economia, política, funcionamento da máquina, dados socioeconômicos, dentre outras”, diz o diretor da FPA, acrescentando que “a intenção é dar início a um banco de dados, permanente, sobre a situação dos estados brasileiros, de forma a gerar estudos para contribuir não só para a elaboração, mas para a efetivação dos programas de governo destes estados.”

Em seguida o secretário estadual de formação política do PT no Pará, Geraldo Pastana, iniciou a composição da mesa de debate sobre o estudo do estado do Pará, convidando o deputado federal Zé Geraldo, que frisou a iniciativa da FPA em “radiografar melhor cada região do nosso estado”.

O professor de economia, e autor do estudo sobre o estado do Pará, João Claudio Tupinambá Arroyo, apresentou na sequência alguns destaques do estudo, que podem ser acessados aqui ou no ícone ao lado deste texto. Segundo o Arroyo, o estado do Pará está dando um salto ao reconhecer que há desafios a superar, e que o ganho político vem da competência técnica da execução política. “A FPA está dando uma oportunidade para a gente refletir e avançar nesta questão, da compreensão da técnica e da competência técnica no fazer política”, ressaltou.

De acordo com o estudo, os desafios a serem superados vão desde pensar a economia para além do extrativismo e dos projetos de monocultura voltados à demanda externa, até a baixa formação bruta de capital local, além da inadequação de exploração do potencial local. Para Arroyo, o estado tem potencial para realizar esta superação: “o Pará é o 13 PIB (Produto Interno Bruto) do país, e crescendo acima da média nacional. De 2010 a 2013 foram 400 mil empregos formais gerados.”

Entretanto, apesar dos dados positivos, o professor ressalta que ainda falta orientação e diálogo para um maior avanço nos alcances das políticas públicas. “Temos previstos R$ 130 bilhões em investimentos no estado nos próximos anos, mas destes, a maior parte é de exploração mineral ou grande projetos de infraestrutura, que são investimentos que vão num tipo de modelo econômico que não dialogam com a realidade do estado. Estes investimentos não foram negociados por lideranças locais, e dialogam pouco com potenciais de desenvolvimento locais”, pondera Arroyo.

Neste sentido, o professor considera que é preciso considerar novas potencialidades econômicas do estado, para além do extrativismo. “Atualmente, 52% do PIB do estado é originado em atividades de comércio e serviços. Neste sentido, precisamos considerar estes dois setores como estratégicos para um avanço mais acelerado do desenvolvimento socioeconômico do estado do Pará”, concluiu.

A oficina foi finalizada com Kleber Ramos, que apresentou propostas para o palno de governo para o estado do Pará.

Fotos: Marcelo Vinci

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