ECONOMIA NACIONAL
Indústria segue desempregando e com estoques altos: O setor industrial no Brasil segue seu caminho de longa prostração frente a concorrência internacional. Apesar do volume de produção ter parado de cair em outubro, o emprego no setor industrial segue se retraindo conforme divulgado pelo IBGE. Na passagem de setembro para outubro, o emprego indústrial apresentou queda de 0,4%, acumulando perda de 3% entre janeiro e outubro deste ano. Esta foi a sétima queda consecutiva no emprego industrial,  após quedas também expressivas no ano de 2012 (-1,4%) e 2013 (-1,1%). São Paulo, Rio Grande do Sul e Parana lideram o ranking de estados com maiores perdas no emprego industrial, com -4,1%, -4,3% e -4,2% respectivamente. Apesar do emprego e da produção em queda, o ano de 2014 também foi marcado pelo acumulo de estoques na maior parte dos setores industriais, seja pela desaceleração da demanda interna, seja por problemas na exportação de produtos (como é o caso do setor automobilistico devido à crise Argentina). Segundo pesquisa de conjuntura industrial da FGV, setores de bens duráveis e bens de capital são os que mais sofrem com este quadro, com 44,8% e 26,6% dos empresários alegando excesso de estoque, o que pode prejudicar uma eventual retomada da produção no ano de 2015.
Comentário: O lento crescimento do PIB brasileiro é derivado, em grande medida, das recorrentes quedas registradas no setor industrial, não apenas um dos mais relevantes no que diz respeito ao tamanho no PIB, mas também um dos mais importantes para alavancar o crescimento de outros setores, como o caso do setor de serviços. O desafio de reerguer nossa indústria e reestabelecer elos perdidos na cadeia produtiva não é novo, mas mesmo diante de vários esforços do governo a indústria segue perdendo espaço para os produtos importados. O estabelecimento das condições macroeconômicas mínimas que permitam uma concorrência justa (com um câmbio menos valorizado e uma taxa de juros mais competitiva internacionalmente) são apenas o início da solução do problema, que terá que ser complementada com uma política industrial coerente e bem planejada, que permita aos setores mais competitivos de nossa indústria constituir uma base de fornecedores nacionais e gerar empregos de alta qualificação. A estratégia de desoneração e redução de custos para os empresários (conhecida como economia de oferta) se mostrou insuficiente diante do tamanho do desafio a ser enfrentado neste novo cenário internacional ultracompetitivo: faz-se necessário reestabelecer o crescimento da demanda interna e, com os preços macro e as políticas industriais corretas, valer-se deste crescimento para dinamizar nosso setor industrial. Este plano exige pensamento estratégico e não será conquistado no curto prazo, mas certamente este é um dos desafios centrais do novo governo Dilma.
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Análise: Guilherme Mello, Economista