A vida das mulheres piorou muito desde a eleição de Bolsonaro. Anteriormente, foram elas que se levantaram sob a insígnia #EleNão, alertando para os retrocessos contidos na pauta conservadora e reacionária das ideias de Bolsonaro.

O impacto da conjuntura na vida das mulheres, o machismo presente e crescente, a destruição das políticas públicas fundamentais para a mínima qualidade de vida e que afetam muito as brasileiras foram discutidos no Pauta Brasil desta quarta-feira, 10 de março. O tema do programa foi a situação das mulheres, a maternidade e a pandemia de Covid-19, e contou com as participações de Rachel Marques, Elen Coutinho, Jessica Italoema e Vivian Farias, na mediação.

Rachel, suplente de deputada federal e secretária-executiva de políticas sobre drogas do estado do Ceará, defendeu que é preciso cobrar os meios necessários para dar apoio às mulheres, lembrando todo o contexto da pandemia, que trouxe junto desemprego, perda de renda, crianças e idosos em casa, isolamento social com agressores na mesma habitação. Ela também cobrou que o excesso de trabalho e a ansiedade ligada à sobrecarga precisam ter ações práticas de apoio e suporte.

“As mulheres são muito afetadas pelo estresse que está relacionado à pandemia e, para ser mais tolerável, é preciso todo um suporte social, da família, dos companheiros, o Auxílio Emergencial”, políticas públicas e sensibilidade para entender a sobrecarga feminina e as grandes dificuldades deste momento, explicou.

A realidade das mulheres é de dupla jornada numa sociedade machista em sua estrutura, e ela “está mais difícil ainda”, lamentou.

Elen Coutinho é diretora da Fundação Perseu Abramo, mãe de criança pequena, e para ela não há como falar da situação das mulheres sem analisar a conjuntura que estamos vivendo. Apresentou números que mostram o aumento da sobrecarga e do trabalho doméstico durante a pandemia, assim como o crescimento da violência e dos feminicídios. “As mulheres foram as primeiras a perder seus empregos, e quem não ficou desempregada passou a trabalhar muito mais em home office”, disse Elen, citando a pesquisa da Sempreviva Organização Feminista (SOF).

Jessica Italoema, também é mãe, integra a diretoria da FPA, e abordou o cansaço das mulheres, as reações de seus corpos com toda a sobrecarga, doenças psicológicas e físicas. “É muito importante trazer esse assunto a público”, disse Jessica, lembrando que os temas do trabalho, do desemprego, da informalidade, da desigualdade racial são urgentes, assim como o aumento da violência doméstica. “São absurdos que já vivíamos antes da pandemia, mas com ela, aumentaram”.

Saúde mental e superação

Rachel acredita que os aprendizados com as lutas passadas das mulheres serão sempre necessários e que cabe a nós formar uma sociedade diferente a partir da criação dos filhos e filhas. “A atual conjuntura dificulta a vida das mulheres”, disse ao relatar que creches e escolas fechadas sobrecarregam as mães.

“Falta a ação nacional de um presidente que pudesse liderar o enfrentamento dessa situação. A gente não precisava ter perdido tantas vidas, mortes poderiam ser evitadas se o presidente tivesse providenciado as questões da vacina e ações de prevenção”, disse Rachel ao comentar também a saúde mental e o estresse que vivemos em função do desgoverno.

As palavras de esperança de Lula hoje durante a coletiva de imprensa foram lembradas assim como a necessidade de esperança, “a saudade de um futuro melhor” e a construção histórica do PT na luta das mulheres estiveram presentes no programa. Dilma e Marielle foram lembradas como inspiração e homenagem de encerramento.

 

Assista à íntegra do programa Pauta Brasil aqui.

Pauta Brasil recebe especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates são realizados às segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 17h, e transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.

O novo programa substitui o Observa Br, programa que era exibido às quartas e sextas-feiras, às 21h. Clique aqui e acesse a lista de reprodução com todos os 66 programas.