Presidente do Banco dos Brics, Dilma reforçou laços de amizade e parceria econômica entre Brasil e China

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Neste domingo (29), no Grande Salão do Povo, em Pequim, a Medalha da Amizade foi entregue pelo presidente Xi Jinping para a ex-presidenta do Brasil Dilma Rousseff, que atualmente comanda o Novo Banco de Desenvolvimento, conhecido como o Banco do Brics, em Xangai.

A honraria é a maior homenagem concedida a estrangeiros, com foco em “indivíduos que fizeram contribuições extraordinárias para apoiar a modernização socialista da China e com o objetivo de promover intercâmbios e cooperação entre a China e países estrangeiros e salvaguardar a paz mundial”, segundo o governo chinês. A cerimônia ocorreu por ocasião do 75º aniversário da fundação da República Popular da China (RPC), que ocorre em 1º de outubro.

A ex-presidenta brasileira, em seu discurso, declarou estar “profundamente honrada” e reafirmou a solidez da relação entre os países, apontou os laços de amizade entre os povos, além de elogiar o líder chinês: “sua liderança tem sido fundamental na promoção da governança global e no estímulo a uma ordem internacional mais justa e equitativa”. Rousseff mencionou ainda “a transformação econômica acelerada, as inovações tecnológicas alcançadas e as extraordinárias conquistas sociais”, sobre a condução comunista do país.

Outros 14 homenageados chineses, de áreas como educação e artes, também foram destacados na cerimônia, que teve transmissão ao vivo. Veículos de comunicação brasileiros repercutiram as falas dos comentaristas da TV estatal chinesa sobre o discurso de Dilma. “É uma declaração ressonante da senhora Rousseff de que os países em desenvolvimento, líderes, como a China e o Brasil, estão se levantando”, destacou o economista John Gong.

Xi Jinping, em seu discurso, afirmou que o povo chinês “não esquece os amigos estrangeiros que ajudam a construir o país” e completou: “Dilma Rousseff é um excelente exemplo disso”. Neste contexto positivo, cresceu a expectativa em Pequim de que o Brasil anuncie a adesão à Iniciativa Cinturão e Rota, o megaprojeto chinês de infraestrutura também conhecido como “Nova Rota da Seda”. A relação bilateral entre os países deve resultar uma visita de Estado ao Brasil, que o presidente Xi fará em novembro.

Em entrevista a jornalistas brasileiros, Dilma disse: “é um bom programa de cooperação internacional. Primeiro, porque ele é o único existente, não há outro com um escopo tão amplo, nem tampouco que tenha gastado US$ 1 trilhão ao longo de dez anos. Mas, agora, há uma coisa importante para o Brasil e para os países do Sul Global, a proposta de fazer uma parceria em industrialização. Parques industriais e também transferência de tecnologia. Acho que essa é a grande oportunidade e a proposta fundamental para o Brasil”.

Ao ser questionada sobre uma visão de mundo que reforça dois polos antagônicos: “respeito o Partido Comunista da China, mas não acho que por conta disso o Brasil tem que ser comunista. A China tem uma coisa muito interessante: a China diz que tem um caminho especificamente chinês. O Brasil tem que ter um caminho propriamente brasileiro. Agora, esse caminho não é o do anticomunismo, da visão da Guerra Fria”, afirma Dilma.

Sobre o futuro, Dilma Rousseff disse estar com saudades do Brasil, já que está há um ano e meio vivendo na China, e que deve voltar ao seu país de origem quando a gestão no banco chegar ao fim, em 2025.

Como demonstração de importância para a política do país, toda a cúpula do Partido Comunista esteve presente na entrega da medalha. A filha da ex-presidente, Paula, foi convidada a estar em Pequim e acompanhou a cerimônia. A Medalha da Amizade foi entregue pela primeira vez ao presidente da Rússia, Vladimir Putin, em 2018.