O livro Felicidade Fechada, de Miruna Genoino, tem data de lançamento prevista em todo o Brasil para março de 2017, pela Editora Cosmos. O título transcende a condição de obra com teor jornalístico e factual ao expor um relato sensível e humano da filha de José Genoino, que assumiu para si a tarefa de ser a “expressão pública da família” durante o processo e a condução do julgamento de seu pai na Ação Penal 470, conhecida popularmente como “Mensalão”.

De acordo com José Genoino no Posfácio da edição: “Este livro de Miruna é o contato vivo com a memória, olhando o presente e o futuro de uma maneira muito concreta”. A publicação ainda conta com prefácio do vereador eleito Eduardo Suplicy, amigo da família: “Miruna relata como seu pai havia tido ‘uma história brilhante, iluminada, cheia de reconhecimentos e vitórias, e de repente virou um condenado, um político sem princípios, alguém relacionado ao dinheiro e não à luta por igualdade e justiça”. A leitura deste livro ajudará as pessoas a encontrar a verdade e a conhecer a inocência de seu pai. Permitirá que conheçamos como Miruna, seus irmãos e filhos ‘foram criados por um pai exemplar, um avô iluminado e que jamais roubou nada de ninguém nem deixou de seguir os princípios de justiça e igualdade que sempre o guiaram.”

Condenado em 2012, José Genoino ocuparia, desde a primeira acusação, em 2005 – ainda na função de presidente do Partido dos Trabalhadores (PT) -, as principais manchetes de jornais, revistas, programas de TV e de rádio do Brasil e do mundo. Em seus escritos, Miruna pontua uma rede que não salta aos olhos imediatos da população brasileira: tessituras do longínquo e da proximidade no afeto, com as imagens “políticas e poéticas” evocadas pela autora ao se recordar do pai, ainda menino, que andava a pé por uma estrada de terra batida de catorze quilômetros para frequentar a escola no sertão do Ceará. Ou, ainda, trazer a lembrança no sofá da sala de visitas da casa da família: espaço de muitas alegrias, hesitações, como também de notícias que mudariam, temporariamente, o rumo de suas vidas.

Ao longo de 266 páginas, dividido em duas partes, Felicidade Fechada é um testemunho não apenas individual, mas, antes, um diálogo entre pai e filha que verbaliza, em seu íntimo como escritura, aquilo que perpassa o senso coletivo político. Isto se refletiu, por exemplo, na ajuda de desconhecidos em redes sociais – como o Facebook – quando a autora necessitava expor as verdadeiras notícias do processo, as angústias, anseios e incertezas, durante os anos da primeira delação premiada até a liberdade, em 2014.

Dividido em capítulos cronológicos, pontuados por lembranças do passado, a primeira parte do livro, com prefácio de Eduardo Suplicy, expõe o “como tudo isso começou”, desde o convite do PT para que Genoino ocupasse o cargo de presidente nacional do partido, até a primeira delação premiada, em 2005, que colocou José Genoino como réu do processo. Na sequência, apresenta a inversão entre as esferas da vida pública e privada da família; a notícia da internação do pai – que culminou numa cirurgia de dissecação da aorta, com 90% de chances de risco de morte – e o decreto de prisão em 13 de novembro de 2013.

O texto de Miruna foi recusado por algumas editoras, quando no início de novembro de 2016 Miruna Genoino foi procurada pela Editora Cosmos, por meio de amigos em comum. A editora propôs uma campanha na plataforma digital Catarse, visando à obtenção dos recursos de forma colaborativa em prol do financiamento do livro. Em onze dias foram arrecadados R$ 90 mil, ultrapassando a meta inicial de R$ 87,5 mil. Esta foi apenas uma das inúmeras mobilizações de amigos, companheiros de lutas, de colegas de partido e, principalmente, de anônimos, cidadãos e cidadãs brasileiros, que constituem a rede de solidariedade tecida em torno do caso de José Genoino.

Esta escrita, como um ato de insurgência pela palavra, um desvelar de um véu inacabado, traz à luz a complexidade da existência, muitas vezes “esquecida” pelos jornais: “Relatos de uma filha que, por amor, soube que escrever nunca foi uma escolha, mas uma necessidade”, como afirma a autora. Necessidade pela verdade, que só é possível de ser alcançada pelo exercício da memória e do não esquecimento, para, assim, quem sabe, cultivar a esperança de a política cumprir sua meta e o seu destino enquanto justiça: ser uma “felicidade aberta”.

Serviço
Dia 16/3 – lançamento, em São Paulo, 20 horas, no Espaço ViaTV, Rua José Piragibe, 366, Butantã
Dia 29/3 – lançamento, em Brasília, no Sindicato dos Bancários.Salvar

Salvar