O Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, concedido pela Academia Brasileira de Cinema, consagra a produção nacional cinematográfica em diversos gêneros. E é possível assistir às obras em serviços de streaming. Uma chance para apreciar a sétima arte

Apesar das enormes dificuldades de financiamento enfrentadas pelo setor nos últimos anos, o cinema brasileiro atestou sua força  na semana passada, em premiação realizada no Rio de Janeiro. Com longas ficcionais ou documentais que capturam a diversidade da produção recente, o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro 2023 mostrou que a cinematografia produzida no Brasil resistiu, apesar de tudo. O filme de Gabriel Martins, “Marte Um” (2022) foi o grande vencedor na categoria de longa-metragem de ficção.

A premiação também destaca filmes estrangeiros com boa aceitação de público e crítica no Brasil: neste ano, foram consagrados “Elvis”, como melhor filme internacional, e “Argentina, 1985 (Argentina)” como melhor filme ibero-americano.  A fantasia biográfica e excessiva de Baz Luhrmann sobre Elvis Presley flagra a relação do ídolo do rock (papel que coube a Austin Butler) com seu empresário e agente Tom Parker (vivido por Tom Hanks), desde a descoberta do cantor na década de 1950 até sua derrocada nos anos 1980. Com o ator que se tornou quase sinônimo do cinema argentino, Ricardo Darín, vivendo o papel de um promotor, o filme de Santiago Mitre reconta os processos que levaram às condenações de comandantes militares na redemocratização da Argentina. Os dois filmes ainda estão disponíveis em plataformas de streaming (“Elvis”, na HBO, e “Argentina 1985” no Prime Vídeo).

A seguir, conheça os filmes brasileiros premiados e saiba onde podem ser assistidos:

Marte Um

Em “Marte Um”, o cotidiano de uma família preta e periférica de Contagem, Minas Gerais, é lido pela sensibilidade do garoto de 10 anos que sonha em  participar do programa da NASA de viagens espaciais a Marte. As dificuldades de Deivinho (Cícero Lucas) em convencer pai porteiro, que almeja uma carreira de jogador de futebol para o filho, e a mãe supersticiosa no cenário (quase) desolado do Brasil de 2018 tecem um filme todo delicado e potente. O filme foi o candidato do Brasil ao Oscar de filme estrangeiro. Disponível no Telecine.

Bem-Vinda a Quixeramobim

A escolha popular recaiu em “Bem-Vinda a Quixeramobim”, de Halder Gomes. Comédia ágil, na melhor tradição do humor debochado cearense, o longa-metragem é uma sucessão de equívocos e trapalhadas a partir da história de uma influencer milionária que tem de voltar para o sertão do Ceará depois de perder todo seu dinheiro. Seguindo a tendência recente de um certo cinema, mistura atores a influencers das redes, às vezes com resultados irregulares. Pode ser visto no Globoplay. 

O Clube dos Anjos

O escritor Luis Fernando Veríssimo teve seu romance “O Clube dos Anjos” adaptado para as telas por Ângelo Defanti, que resultou no prêmio de melhor roteiro adaptado. A trama de assassinatos em em torno de um grupo de amigos glutões reúne grandes atores (Otávio Müller e Matheus Nachtergaele) numa história divertida entre o policial e humor. Está no Telecine.

Tarsilinha

Entre os infantis, os dois filmes que se destacaram enveredam por obras clássicas. pluft o fantasminha. A peça de Maria Clara Machado, escrita e encenada pela primeira vez em 1955 e que  conta a história da amizade de uma garota com um fantasma, ganhou uma ambiciosa adaptação cinematográfica dirigida por Rosane Svartman, disponível na Globoplay. 

Na animação, o escolhido foi  “Tarsilinha”, dirigido por Célia Catunda e Kiko Mistrorigo. Numa combinação de aventura de caça ao tesouro e expedição etnográfica, a heroína Tarsilinha entra dentro dos quadros de um dos principais nomes das artes plásticas do Modernismo e interage com os cenários e personagens de Tarsila do Amaral. O resultado, graficamente exuberante, pode ser conferido no Prime Video.

Manhãs de Setembro

Ainda na ficção, a segunda temporada de “Manhãs de Setembro”, série de Dainara Toffoli e Luís Pinheiro e estrelada pela Liniker, ganhou como melhor série brasileira de ficção. Na primeira temporada, que chegou a ser exibida pela TV aberta (Bandeirantes), agora migrou para o streaming no Prime Video. A jornada de uma mulher trans que deixa sua cidade natal e sua família para se tornar performer em São Paulo. Nesta segunda temporada, Cassandra (vivida por Liniker) se reaproxima do pai, interpretado por Seu Jorge.