Alberto Cantalice 

Eleições na Europa: líderes do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) comemoram resultado de eleições ao Parlamento Europeu

As eleições para o Parlamento Europeu no domingo último traz, para as forças democráticas e progressistas do Brasil múltiplas reflexões. O crescimento avassalador dos extremistas de direita na Alemanha – a maior economia do bloco e na França-berço do iluminismo e do Estado de bem-estar, foram as notas dissonantes e preocupantes. 

O encurtamento da votação da SPD – social-democrata – e do Die Linke, pós comunista e o ascenso dos neonazistas do AFD apontam um cenário sombrio para a pátria de Hegel, Marx e Goethe. 

Na França Marine Le Pen do direitista Font Nacionale viu sua votação crescer sobre o centrista Republique em Marche, agrupamento liderado pelo presidente Emmanuel Macron.  

Fato significativo foi uma ligeira recuperação do Partido Socialista em aliança com o Place Publique, liderada por Raphael Glucksmann, com forte apoio nos meios artísticos e intelectuais e que venceu as eleições em Paris. Também mais à esquerda se manteve o France Inssubimisse de Jean Luc Mellenchon com 10%, os ecologistas com 5,5% e os comunistas com 2,36%.

A resposta de Macron foi a dissolução do parlamento e a convocação das eleições parlamentares no âmbito interno. Essa ação vai levar a uma inevitável rearticulação das forças democráticas francesas para um enfrentamento imediato com a extrema-direita. Disputa que já estava contratada para o próximo pleito presidencial e que foi precipitada.

Cabe destacar ainda a resiliência do Partido Socialista Português, tendo na cabeça de chapa Marta Temido, na contenção ao Chega e do Partido Socialista Operário Espanhol de Pedro Sánchez, que em uma disputa de ideias e de caráter cultural, freou a ascensão do direitista Vox. Digno de nota foi também a votação do Partido Democrático na ìtália, sob a liderança da ex-deputada Elli Schlein, a maior bancada da centro-esquerda europeia e não flanco interno da Itália polarizando com o Fratelli d’Italia de Giorgia Meloni.  O protagonismo das mulheres em todos os espectros políticos é o fato novo dessa disputa.

Na Grécia a recuperação do Syriza e do Pasok e dos comunistas do KKE,  é o prenúncio de ares democráticos no país.

Nos países escandinavos: Dinamarca, Finlândia e Suécia a esquerda europeia deu um grande salto. Ancorado principalmente em jovens lideranças, como a filandesa Li Andersson e na Suécia com o Partido Operário Social-Democrata sob a liderança de Magdalena Andersson, obtiveram votações surpreendentes. Na Dinamarca o Partido Popular Socialista presidido por Pia Olsen Dyhr obteve 17%, ficando à frente do Partido Social-Democrata, que governa o país.

Os liberais democratas conduzidos por Ursula Von Der Leyen continuam sendo a principal força no parlamento Europeu. Compromissados com a vaga neoliberal e financeirizada, mas, distantes da direita, os centristas terão que buscar parceria para conduzir a Comissão Europeia. 

Fica, entretanto, o alerta. Sem uma articulação dos setores sociais-democratas com a esquerda socialista, e, até com setores liberais que aceitem a pauta da emergência climática e o restabelecimento do Estado de bem-estar social, a extrema-direita e seu discurso xenófobo e racista continuará avançando.

A contradição central no mundo hoje é entre o aprofundamento da democracia político-social versus extrema-direita. O caminho não passa pelo neoliberalismo dos financistas, e sim pela construção do socialismo-democrático e pluralista como a nova utopia.

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