Alberto Cantalice

Pixabay

As eleições legislativas antecipadas realizadas na França no domingo, último, apresentaram um novo desenho da polarização. De um lado a extrema-direita representada pelo Reagrupamento Nacional (antiga Frente Nacional) de Marine Le Pen e Jordan Bardella e a Nova Frente Popular de Raphael Glucksman, Marine Tondelier e Jean-Luc Melenchón. O grupo centrista liderado pelo atual presidente da república Emmanuel Macron amargou um distante terceiro lugar. 

Ainda no final da noite de domingo, o primeiro-ministro macronista Gabriel Attal apresentou a proposta de unificação do que ele chamou de Novo Polo Republicano que consiste na aliança entre os candidatos centristas e do polo progressista que ocasionaria a renúncia do terceiro colocado nos distritos para coesionar a aliança contra o extremismo direitista. A ideia de Attal foi prontamente aceita pela direção colegiada da Nova Frente Popular, dando início a essa nova recomposição. 

Diferente do que se viu em eleições anteriores setores ligados à grande burguesia gaullista, principalmente na mídia aderem ao discurso pró extremismo direitista, minimizando o liberalismo e a xenofobia do Reagrupamento Nacional.  

Há que se destacar que a novidade das eleições foi a constituição em tempo recorde da aliança da esquerda e da centro-esquerda, agora agregada pelo centrismo macronista. À despeito do que diz a grande mídia, não foi a extrema-direita a vencedora do pleito. Esse novo polo republicano, mesmo com o grande desgaste enfrentado pelo neoliberalismo exacerbado de Macron, somou mais de 50% dos votos. Isso demonstra que as ideias das trevas, apesar de robustas, seguem minoritárias no país do iluminismo. 

E O REINO UNIDO? 

No domingo, 04 de julho será a vez das eleições no Reino Unido. Em jogo, 14 anos de governos conservadores ininterruptos enfrentando um Partido Trabalhista em ascensão.  Indo cada vez mais em direção à extrema-direita depois da gestão de Boris Johnson e do Brexit, os “Tories” liderados atualmente por Rishi Sunak amargam uma distância desfavorável de até 20 pontos frente ao “Labour” de Keir Starmer.  

A economia vem tendo um papel central nessa disputa. Com crescimento vegetativo de menos de 1% ao ano, o Reino Unido enfrenta um crescente processo de estagnação e chegou a enfrentar uma recessão técnica. Os “Tories” prometem diminuir o tamanho do Estado depois da expansão ocorrida na pandemia. Já Os Trabalhistas apresentam um plano de investimento público em energias renováveis para alavancar a economia. 

A nota dissonante nessa arrancada do Partido Trabalhista é a exclusão da lista oficial de candidatos do ex-líder do Partido Jeremy Corbyn que concorre como candidato de esquerda independente em seu distrito, mas com grandes chances de renovar sua cadeira.