A bem dizer, peguei o bonde andando. Quando Zilah Abramo me chamou para conhecer a Fundação, há pouco regressara eu de vários anos trabalhando fora do país. A notícia de que perdêramos Perseu chegara para mim associada à criação da Fundação que leva seu nome.


A bem dizer, peguei o bonde andando. Quando Zilah Abramo me chamou para conhecer a Fundação, há pouco regressara eu de vários anos trabalhando fora do país. A notícia de que perdêramos Perseu chegara para mim associada à criação da Fundação que leva seu nome.

Não seria a primeira vez que ele e eu faríamos alguma militância juntos. Enquanto colegas de turma em Ciências Sociais na Faculdade, integramos o Partido Socialista, numa fração conhecida como a Minoria, que congregava intelectuais e artistas, entre os quais Paulo Singer, companheiro de hoje na Fundação. Afora isso, assistimos aulas lado a lado, fizemos política de grêmio estudantil, cantamos muito samba, vimos filmes clássicos no cineclube da escola, fundamos junto com outros colegas o Ceupes – o centrinho dos alunos do curso -, fincamos enfim as bases de uma sólida amizade.

Considerei o convite de Zilah, ao me convocar para prestar serviços à Fundação, como apenas uma extensão de meu velho ativismo com Perseu.

Tornei-me membro entusiasta do conselho de redação de Teoria e Debate. Mas, pensando bem, o que devo à Fundação supera de longe minha ínfima contribuição. Da Fundação recebi, afora o convívio privilegiado com muitos e bons amigos, antigos e novos, a possibilidade de participar em atividades como reuniões, seminários, contactos com fundações de outros países, edição de livros que escrevi em cumprimento de tarefas bem como inúmeros artigos e notas para a revista, eventos de cinema, debates e celebrações. De uma tal riqueza destaco, para dar uma noção de sua relevância, a série de conferências sobre socialismo, que depois resultou numa coleção de livros.

Saúdo portanto os 15 anos da Fundação – entre cursos de formação, publicações, pesquisas de campo cruciais sobre problemas brasileiros, e ainda mais como um fórum de estudos e discussões voltado para a transformação social – ressaltando o quanto lhe devo em matéria de calor humano e instigação intelectual, fazendo votos de que continue desafiando crises enquanto se consagra a realizações extraordinárias.

*Walnice Nogueira Galvão é crítica literária, professora emérita da USP e integra o Conselho de Redação da Revista Teoria e Debate. Também é é autora dos livros "Ao som do samba: Uma leitura do Carnaval carioca" e "O Império do Belo Monte", ambos publicados pela Editora Fundação Perseu Abramo.

 

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