Desigualdades raciais no Brasil: análise sobre mercado de trabalho

Boletim Diário de Política Social 64 – Desigualdades raciais no Brasil: análise sobre mercado de trabalho

 

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15 de setembro de 2014

Desigualdades raciais no Brasil: análise sobre mercado de trabalho


Mesmo que controladas algumas características, existe uma desigualdade de oportunidades entre a população negra (pretos e pardos, considerando a classificação do IBGE) e a população branca no país, o que corrobora a adoção de políticas afirmativas, tais como as cotas raciais. Hoje, pretos e pardos – 50,7% dos brasileiros – ocupam em torno de 30% do funcionalismo brasileiro, são 17,6% dos médicos e menos de 30% dos professores universitários. Já entre os diplomatas apenas 5,9% são pretos e pardos; nos auditores da Receita são 12,3%; e na carreira de procurador da Fazenda Nacional, 14,2%. Esses dados mostram uma gritante desigualdade.

Em maio de 2014, a taxa de rotatividade para trabalhadores brancos era de 33,6% e da PEA negra, de 44,1%. Quanto à composição da PEA ocupada, em torno de 63% do emprego doméstico no país é ocupado por negros. Por outro lado, brancos ocupam quase 60% dos postos com e sem carteira no setor público ou como militares ou funcionários no setor público. Brancos são também quase 70% do total de empregadores do país.

No mês de abril de 2014, a PEA branca possuía rendimento real médio 72,8% superior à PEA negra. Nesse mesmo mês, a desigualdade entre o rendimento auferido pelos homens brancos e pelas mulheres negras era igual a 138,3% e as mulheres brancas auferiam rendimentos 26,2% maiores que os homens negros. Na comparação anual, houve elevação de rendimentos de 1,4% para os trabalhadores brancos, e de 3,8% para os negros.

Em abril de 2014, a taxa de desemprego aberto da PEA total residente nas Regiões Metropolitanas pesquisadas foi de 4,9%, 0,9 ponto percentual menor que em abril de 2013. A taxa de desemprego da PEA branca foi de 4,3% e da PEA negra de 5,5%. A taxa de desemprego da PEA branca caiu 0,7 ponto percentual, e a da PEA negra, 1,2 ponto percentual, na comparação anual.

Os índices mostram melhorias absolutas, apesar de ainda persistirem expressivas diferenças de rendimento, estrutura ocupacional, formalização, rotatividade e desemprego entre negros e brancos. Faz-se necessário seguir avançando na melhoria dos índices do mercado de trabalho e de escolaridade da população negra, com enfoque na diminuição das desigualdades raciais.



Para ler mais
:

Rede Brasil Atual (2014) Negros são menos de 18% dos médicos e não chegam a 30% dos professores universitários
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LAESER (2014) Tempo em curso Ano VI; Vol. 6; nº 6, Junho, 2014
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Análise: Ana Luíza Matos de Oliveira, economista
Acesse: www.fpabramo.org.br
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