Ipea: cresce fenômeno “nem nem” entre homens de 50 a 69 anos

Estudo publicado pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), utilizando dados das Pesquisas Nacionais por Amostra de Domicílios (PNADs) de 1992, 2002 e 2012 e dos Censos Demográficos de 1980 e 2010, mostra que cresceu o número de homens brasileiros de 50 a 69 anos que não trabalhavam, nem procuravam trabalho e nem eram aposentados entre 1992 e 2012, que passaram a ser chamados de “nem nem”. O fenômeno dos “nem nem” foi primeiro observado entre a população jovem, no caso jovens que não estudavam e nem trabalhavam, no entanto, o estudo chama a atenção para esta outra categoria.

Segundo o levantamento, 4,2% dos homens de 50 – 69 anos em 1992 eram “nem nem”, e passaram a ser 7,9% em 2012, com aumento mais elevado no grupo 50-59 anos. Por outro lado, embora a proporção de mulheres nessa categoria seja predominante, a proporção de mulheres nessa mesma condição diminuiu de 23,4% para 18,8% de 1992 a 2010.

Tal fenômeno, segundo o estudo, poderia sinalizar mudanças nas relações de gênero, pois se observou uma diminuição na proporção de homens chefes de família e um aumento na de cônjuges e filhos chefes de família, e poderia também ser reflexo de dificuldades masculinas de inserção no mercado de trabalho nessa faixa etária, o que requereria uma maior participação das mulheres. A baixa escolaridade dos “nem nem” pode estar contribuindo para essa dificuldade: o estudo mostra que, em 2012, a mais baixa escolaridade para homens nessa faixa etária foi observada para os “nem nem” (aproximadamente quatro anos de estudo) e a mais alta para aqueles que apenas trabalhavam (aproximadamente sete anos de estudo).

Segundo o estudo, os dados para essa população mostram uma tendência em sentido contrário ao requerido pelo novo regime demográfico (em que a população vive mais e melhor, mesmo nas idades mais avançadas), que exige que a saída do mercado de trabalho ocorra mais tardiamente, para contrabalançar a redução da oferta de força de trabalho e pelo envelhecimento da população. Assim, o estudo aponta para a necessidade de políticas públicas específicas para essa faixa etária.

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Análise: Ana Luíza Matos de Oliveira, economista
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