O resultado de fevereiro das contas externas brasileiras demonstra que este setor segue em deterioração
Ano 3 – nº 257 – 24 de março de 2015
ECONOMIA NACIONAL
Setor externo brasileiro permanece em deterioração: O resultado de fevereiro das contas externas brasileiras demonstra que este setor segue em deterioração, apesar da recente desvalorização cambial. O déficit em transações correntes superou as expectativas do Banco Central para o mês, fechando com saldo negativo de US$ 6,9 bilhões, quando a previsão inicial era de déficit de US$ 6,4 bilhões. No acumulado de 12 meses, o déficit em transações correntes chega a US$ 89,9 bilhões, ou 4,22% do PIB, superior aos 4,17% verificados em janeiro. Apesar destes resultados, o BACEN revisou seu cenário para 2015 e agora espera um déficit de US$ 80,5 bilhões, valor inferior aos US$ 83,5 bilhões estimados ao final de 2014. No entanto, dada a desvalorização cambial e a expectativa de queda do PIB, a projeção do BACEN é que de este déficit represente 4,23% do PIB ao final de 2015, não 3,79% como anteriormente previsto. Pelo lado do financiamento, a situação é mais confortável: O Investimento Direto Externo (IDE) deve permanecer elevado, com estimativa de ingresso de US$ 65 bilhões (ou 3,42% do PIB), insuficiente para cobrir o déficit sozinho, mas capaz de financiar o resultado negativo quando somado aos investimentos em carteira de renda fixa, estimados em US$ 20 bilhões.
Comentário: O cenário externo brasileiro tende a melhorar nos próximos anos devido a dois fatores: em primeiro lugar, a desvalorização do câmbio deve reverter parcialmente os efeitos negativos da queda dos preços das commodities e reduzir o nível de importações; e a queda no ritmo de atividade deve reduzir a absorção interna, também afetando positivamente os resultados comerciais no médio/longo prazo. Sendo assim, com uma balança comercial mais superavitária, a tendência de redução dos déficits em transações correntes é quase que uma unanimidade entre os analistas de mercado, fato que também terá colaboração da redução dos gastos de brasileiros em viagens internacionais devido ao câmbio mais desfavorável. No entanto, com o aprofundamento das expectativas de queda do PIB, mesmo reduções do déficit em melhores em valores absolutos (US$) acabam representando uma fatia maior do PIB , o que mantém os resultados relativos bastante negativos. A reversão definitiva deste cenário só ocorrerá quando e se o Brasil retomar o crescimento baseado no aumento da capacidade produtiva interna, reduzindo sua necessidade de absorção de importações. Pelo lado do financiamento, o aumento dos juros deve garantir a entrada de novos capitais em carteira e de IDE, pois mesmo nessa modalidade há evidência de capitais que adentram o país em busca da valorização puramente financeira, através de operações de arbitragem com taxa de juros. O problema é que a dependência de liquidez internacional, mesmo em uma situação de reservas elevadas, nunca é confortável para um país como o Brasil, que possui moeda inconversível e está sempre sujeito a súbitas fugas de capital.
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