Este resultado é superior ao esperado pelos analistas de mercado, que previam crescimento zero no ano, e também superior às previsões do Banco Central

Ano 3 – nº 259 – 27 de março de 2015
 

ECONOMIA NACIONAL
Economia brasileira cresce 0,3% no quarto trimestre e 0,1% em 2014: De acordo com dados divulgados esta manhã pelo IBGE, a economia brasileira apresentou expansão de 0,3% no último trimestre de 2014, totalizando um crescimento de 0,1% ao longo do ano. Este resultado é superior ao esperado pelos analistas de mercado, que previam crescimento zero no ano e também superior às previsões do Banco Central, que projetava um crescimento negativo de 0,1%. O crescimento da economia brasileira foi puxado pelo setor de serviços, que apresentou expansão de 0,7% no ano, assim como pelo setor agropecuário (0,4%). O setor industrial, no entanto, segue seu processo de deterioração e apresentou retração de 1,2% no ano, puxando para baixo o resultado final. Sob a ótica da demanda, o crescimento do PIB pode ser explicado pelo crescimento do consumo das famílias (0,9%) e do governo (1,3%), enquanto os gastos com investimento apresentaram redução de 4,4%.
Comentário: Do ponto de vista do resultado, o PIB em 2014 apresenta um cenário de estagnação econômica, apesar de não indicar um cenário de deterioração e recessão no último semestre do ano, tendo os dois últimos trimestres apresentado resultados positivos (0,2% e 0,3%) após uma grande queda no segundo trimestre (-1,4%). Apesar de baixo, o crescimento positivo alivia as pressões sobre o governo, já que certamente o ano de 2015 deverá apresentar um quadro recessivo e a hipótese de dois anos seguidos de recessão (2014 e 2015) já era aventada pelo Banco Central. O resultado de hoje está sujeito à revisão, portanto não é certo que o resultado positivo permanecerá, mas o cálculo atual já incorpora a nova metodologia de cálculo do PIB, que fez aumentar os resultados dos anos anteriores. Do ponto de vista da composição, fica claro que o gargalo maior da economia brasileira permanece sendo o setor industrial e a queda nos investimentos produtivos, cenário que deve permanecer no ano de 2015. A queda no ritmo do consumo das famílias agrava o quadro, mas ainda é um fator que contribui positivamente com o crescimento econômico. A reversão deste quadro depende da retomada da confiança dos empresários e consumidores, assim como da constituição das condições mínimas para garantir a competitividade dos produtores nacionais. Para isso, é necessário conduzir um processo de controle da inflação (que eleva a confiança dos consumidores), de desvalorização cambial (que beneficia o produtor nacional no longo prazo), de aumento da renda e consumo da população (que eleva a demanda) e a eventual retomada de um projeto de investimentos e desenvolvimento que reduza gargalos estruturais do país. A dificuldade é que, no curto prazo, alguns desses objetivos são contraditórios, exigindo do governo o estabelecimento de uma hierarquia de importância e de planejamento de etapas para conquistar esse conjunto.
 
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