Ano 1 – nº 09 – Novembro 2016

Desempenho eleitoral e condições dos municípios

Este estudo abrangeu os 5.570 municípios brasileiros e os resultados do primeiro e segundo turnos das eleições municipais. As fontes de informações utilizadas foram os dados eleitorais de 2016 (disponibilizadas pelo Tribunal Superior Eleitoral) e o Censo Demográfico 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Foi realizada uma análise de correlação pelo coeficiente de Kendall com significância estatística menor que 0,01. Além da correlação, os resultados do estudo foram apresentados por meio de tabelas cruzadas de contingência e pela espacialização de indicadores a partir de técnicas de geoprocessamento.

Desempenho político, pobreza, escolaridade e emprego

O estudo considerou a associação de uma variável política com três variáveis de caráter socioeconômico. A variável política assumiu uma categorização dicotômica, dividida entre municípios com prefeitos eleitos pelo PT (codificação 1) e municípios com prefeitos eleitos pelos demais partidos políticos (codificação 0). Por sua vez, as variáveis socioeconômicas foram escolaridade, emprego e pobreza.

O desempenho eleitoral do PT

Dos 5.570 municípios brasileiros, 254 tiveram prefeitos eleitos pelo PT em 2016 – correspondentes a 4,6% do total dos cargos de chefe do Executivo. No ano de 2016, o PT disputou as eleições municipais como cabeça de chapa em 981 cidades. Destas, ganhou em 254, o que corresponde a uma taxa de sucesso de 26%. Nas eleições de 2012 e 2008, a taxa de sucesso foi de 36% e 34%, respectivamente. Em 2004, a taxa de sucesso foi de 23% – nível pouco menor do alcançado na disputa atual.

Pobreza

Nessa seção relacionamos a variável pobreza e desempenho eleitoral. A pobreza foi medida pelo percentual de domicílios com renda igual ou menor que meio salário mínimo. O Coeficiente de Kendall foi de 0,49, apresentando uma correlação positiva de alta significância estatística, a qual o valor-P é inferior a 0,01. Ou seja, quanto maior a proporção de domicílios em situação de pobreza, maior o desempenho eleitoral do PT.

Podemos observar na Tabela 1, que os prefeitos eleitos pelo PT estão distribuídos proporcionalmente pelas faixas de maior percentual de domicílios em situação de pobreza se comparados aos prefeitos eleitos pelos demais partidos. O Mapa 1 apresenta a distribuição dos municípios brasileiros segundo o indicador de pobreza.

Mapa 1 – Pobreza 2010

Escolaridade

A escolaridade foi mensurada a partir do indicador de proporção de pessoas com 17 anos ou mais que concluíram o ensino médio. A associação da variável escolaridade e desempenho eleitoral se mostrou altamente significativa (valor P inferior a 0,01) e o Coeficiente de Kendall mostrou uma correlação negativa de -0,50. Isso significa dizer que quanto maior a proporção de pessoas com 17 anos que concluíram o ensino médio, menor foi o desempenho eleitoral do PT.

A Tabela 2 confirma essa descoberta ao apresentar a distribuição dos municípios brasileiros segundo resultado eleitoral e escolaridade. Proporcionalmente, os municípios com candidatos eleitos pelo PT se concentram nas faixas com menor escolaridade ao serem comparados com os candidatos eleitos pelos demais partidos. O Mapa 2 apresenta a distribuição dos municípios do país segundo o indicador de escolaridade.

Mapa 2 – Escolaridade 2010

Emprego

O emprego foi mensurado pela participação dos trabalhadores formais na População Economicamente Ativa (PEA). O Coeficiente de Kendall foi de -0,69, apresentando uma correlação negativa de alta significância estatística, a qual o valor-P foi inferior a 0,01. Em outras palavras, quanto maior a participação de trabalhadores formais, menor foi o desempenho eleitoral do PT. O Mapa 3 apresenta a distribuição dos municípios brasileiros segundo o indicador de emprego.

A Tabela 2 mostra a distribuição das cidades brasileiras segundo resultado eleitoral e indicador de emprego.

Proporcionalmente, as cidades com prefeitos eleitos pelo PT se concentram nas faixas com menor participação do emprego formal na PEA ao serem confrontados com os prefeitos eleitos pelos demais partidos.

Mapa 3 – Emprego formal 2010