A edição especial do entrevistaFPA sobre a revista PERSEU número 13 – que tem como tema a luta por direitos – contou com a presença do advogado Luiz Eduardo Greenhalgh.

Entrevistado por Isabel dos Anjos, diretora da Fundação Perseu Abramo, Greenhalgh falou sobre sua experiência como advogado e militante que participou e acompanhou de perto as lutas do movimento popular na década de 1980.

Trajetória

Greenhalgh começou se apresentando como advogado, fundador do Partido dos Trabalhadores e membro de seu diretório nacional. Lembrou que foi vice-prefeito de São Paulo na gestão de Luíza Erundina e deputado federal em três mandatos.

“Essas coisas que a gente ocupa na política, ocupa na política e são passageiras. O que eu sou mesmo é advogado e comecei a advogar muito em função do início do PT. Eu participava, como o Perseu Abramo, meu grande amigo, como a Zilah, do Comitê Brasileiro Pela Anistia. Eu era coordenador nacional do comitê”.

Greenhalgh iniciou sua carreira advogando pelo PT, por movimentos sociais e sindical e contra a criminalização das entidades e movimentos que encampavam e encampam a luta popular por direitos civis e sociais para a classe trabalhadora.

Criminalização da luta

Advogando e militando por anos junto aos movimentos sociais, sindicatos e ao PT, Greenhalgh acompanhou de perto as diversas tentativas de criminalização das lideranças e lembrou que este não é um fenômeno novo.

“Na abertura do [Ernesto] Geisel e do Golbery [do Couto e Silva] – generais que, por anos, foram os principais articuladores da ditadura militar – cabia tudo, menos o Partido dos Trabalhadores. A gente foi teimando, teimando, teimando, e acabamos construindo o PT. Mas esse ‘pecado’, que foi a fundação do Partido dos Trabalhadores, fez com que se somassem ações contra nós e, de certa forma, até hoje essas ações se fazem presentes”.

Como ilustração, Greenhalgh falou sobre diversos casos em que atuou, dentre eles, um julgamento de sindicalistas – incluindo o ex-presidente Lula – durante a ditadura militar.

“Nós aqui vamos falar do Pe. Josimo [Tavares, assassinado em 1986], de Orlando e Sibele, os trabalhadores de Leme [assassinados no Massacre de Leme, em 1986, durante uma greve dos canavieiros], do Chico Mendes [seringueiro, sindicalista e ambientalista, assassinado em 1988, em Xapuri, no Acre], mas poderíamos falar de outros petistas: Margarida Maria Alves, que foi assassinada [em 1983, em Alagoa Grande] e era do PT, e era sindicalista, e foi reprimida até a morte; nós podemos falar de Wilson de Souza Pinheiro, que foi presidente do Sindicato de Trabalhadores Rurais [de Brasiléia, assassinado em 1980, após liderar o Mutirão contra jagunçada], no Acre. A gente vai sofrendo na carne essas questões”.

Para acompanhar a histórias contadas por Greenhalgh sobre a luta por direitos na década de 1980 e conhecer suas opiniões, inclusive sobre assuntos recentes, como a nova onda de tentativas de criminalizar o PT e suas lideranças, clique aqui e assista à íntegra da entrevista.

Greenhalgh na PERSEU 13

Na seleção de documentos para a PERSEU 13, os textos de Greenhalgh tiveram destaque. Constam do Caderno de Documentos três textos seus:

  • O primeiro data de 1982, denunciando as ameaças que Chico Mendes vinha sofrendo, e relatando as tentativas de impedir seu assassinato. Já neste texto, Luiz Eduardo antevia que o PT sofreria em toda a sua história a repressão dos governos e dos patrões.
  • O segundo artigo foi publicado em 1986, quando Greenhalgh denunciava a tentativa de criminalização do PT no que ficou conhecido como o Massacre de Leme. Ação da PM sobre uma greve de lavradores no município de Leme, que provocou a morte de 2 lavradores, deixou 30 feridos e muitos presos. As lideranças do PT e da CUT que apoiavam a ação dos trabalhadores foram injustamente responsabilizadas pelos disparos.
  • O terceiro artigo data de 1988 e denuncia a situação de violência sofrida pelos trabalhadores rurais, através do caso do assassinato do Padre Josimo de Moraes, liderança na luta pela terra em Tocantins.

Além disso, Greenhalgh, foi citado em texto sobre o enquadramento de sindicalistas na Lei de Segurança Nacional em 1980, entre líderes e operários metalúrgicos (incluindo Lula) como advogado do grupo; e em texto de Frei Betto, no qual o destaca como um dos responsáveis pela conquista da Anistia em 1979.

A revista

Além dos artigos acadêmicos que compõem a PERSEU, o CSBH produz uma seleção de documentos do acervo histórico sob sua guarda, relacionada à temática de cada número. A edição 13 da revista tratou da temática “Luta por direitos”.

Para o Caderno de Documentos, a revista apresenta uma seleção de artigos de jornais do PT que explicitam a reação autoritária a este processo, que se deu através da criminalização e repressão aos movimentos sociais de esquerda e às organizações dos trabalhadores, incluído o próprio PT. Os textos foram retirados do Boletim Nacional do PT, Jornal dos Trabalhadores e PT Notícias – três órgãos do PT de circulação nacional, e abarcam o período de 1980 até os anos 2000.

Clique aqui e acesse a íntegra da revista.