O desemprego de longa duração está crescendo e ficando mais longevo. Mulheres, jovens, pessoas de média e alta escolaridade e do meio urbano estão sendo as mais afetadas. É para este perfil que o estudo da seção Territorial do último Boletim de Análise da Conjuntura aponta.

O Quadro 1 demonstra que mais da metade (55,7%) dos desocupados de longo período estão nesta situação há dois anos ou mais e quase metade destes últimos há três anos ou mais. Além das consequências econômicas que a falta de renda gera a estes desempregados, tal situação reduz sua saúde física e menta e pode mudar aspectos de sua personalidade, tornando-a mais irritadiça, menos sociável e fechada a novas experiências, como aponta o pesquisador Christopher Boyce, da Universidade de Stirling (Escócia), em sua pesquisa.

Quadro 1. Desempregados de longa duração por longevidade da situação

Como se pode observar no Quadro 2, o desemprego de longo período concentra-se sobretudo no meio urbano, onde residem 92,2% dos desempregados deste perfil. Tal concentração fica clara quando se compara com a proporção de moradores em domicílios urbanos do país, 85,7%, cerca de 6,5 pontos percentuais a menos, ou ainda com os desocupados de curto período, 90,1%.

As mulheres representam cerca de 57,7% das 5,15 milhões de pessoas na situação de desemprego longo, quase três milhões de pessoas. Já os homens, em média, conseguem uma inserção mais rápida no mercado de trabalho, pois eles são maioria entre os desempregados de curta duração, representando 53,6% destes.

Quadro 2. Perfil dos desempregados de longa duração

Fonte: Elaboração própria a partir dos microdados da PNADC do 4º Trimestre de 2017/IBGE.
O Quadro 2 também permite perceber que as duas únicas faixas etárias que aumentam significativamente sua participação no desemprego de longa duração em comparação ao de curto período são as das pessoas de 19 a 24 anos (aumentam de 25,7% no de curto período para 28,4% no de longo período), e as de 25 a 30 anos (de 15,8 para 16,8%).

A temática nível de instrução atenta também para o perfil de vagas de emprego que estão sendo geradas, e que, segundo estatísticas oficiais, são muito caracterizadas pela informalidade, exigência de menor escolaridade e baixa remuneração. Os desocupados que possuem formação até o ensino fundamental completo possuem uma participação maior no grupo de desemprego de curta duração. Já os desocupados que possuem escolaridade do ensino médio incompleto até o nível superior estão encontrando maior dificuldade de inserção no mercado de trabalho. As pessoas deste último perfil de escolarização veem sua participação aumentar de 63,9% no desemprego curto para 70,7% no grupo dos desempregados de longa duração.

 

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