A obra que reúne 28 textos escritos por 29 autores, sem contar a introdução brilhantemente redigida por Mino Carta, consegue dar conta de todas as formas como os meios de comunicação, sejam impressos, audiovisuais ou virtuais, contribuíram para o golpe de Estado de 2016. Ao entrar em contato com o conteúdo dessas páginas torna-se possível enxergar, de forma clara, como a dominação dos grandes meios de comunicação pelas elites impede que a democracia brasileira goze de uma das características mais importantes desse sistema político: a presença de uma pluralidade de discursos na imprensa que deveria ser livre, mas não é por censura empresarial. Mino Carta denuncia a atuação das grandes empresas de comunicação ao longo da História do país para influenciar os rumos da política nacional de acordo com os seus interesses, sempre impedindo que governos populares aplicassem transformações que pudessem diminuir a desigualdade de fato.

A menção histórica é essencial para que se compreenda qual era o pano de fundo dos acontecimentos durante os anos de 2014, 2015 e 2016, quando as revistas semanais, os jornais impressos e os telejornais se concentraram apenas em criminalizar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o Partido dos Trabalhadores, a presidenta legítima Dilma Rousseff e as políticas públicas adotadas nos governos petistas: algo sem novidade alguma, apenas a mesma luta de classes de sempre (ignorada ao longo da História pela imprensa ‘tupiniquim’); os mais ricos e parcelas da classe média, que adotaram os valores da burguesia, tinham como objetivo o que ainda almejam, impedir que o Brasil mude. Não querem que a exploração da miséria tenha um fim.

Essa batalha encampada pela mídia para manter e perpetuar a dominação das elites de sempre é o que rege todos os artigos presentes na excepcional obra. Seja tratando de comunicação pública, de redes sociais online, de jornalismo ou de fakenews, todos os autores mostram que os donos do capital fazem de tudo para utilizar o poder de distorção da informação a seu favor nessa luta secular.

É importante salientar que o livro traz perspectivas acadêmicas e também relatos testemunhais de jornalistas que passaram muitos anos trabalhando nas grandes empresas de comunicação brasileiras e que têm a exata noção de como funciona o sistema de achincalhamento de figuras que sejam indesejadas por esses grupos. Além de expor as entranhas do funcionamento do jornalismo brasileiro, a coletânea de textos ainda tem um ponto em comum entre vários dos artigos: a necessidade urgente de se regulamentar o funcionamento dos meios de comunicação no Brasil.

A Enciclopédia do Golpe, Volume 2 – O papel da mídia tem um conteúdo esclarecedor e fundamental para que se compreenda a guerra informacional que vivemos nos dias de hoje.

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