Nessa sexta-feira, 8 de julho, a série de debates Diálogos pelo Brasil tratou a reconstrução do país a partir das propostas e acúmulos da economia solidária como tema. A série pode ser assistida pela página da plataforma programajuntospelobrasil.com.br

Participaram do debate sobre economia solidária Tatiane Valente (PT), também como mediadora, Milton Barbosa (PCdoB) e Egeu Esteves (PSol).

Egeu Esteves (Psol), doutor em Psicologia Social, que já atuou como formador em cooperativismo e assessor do movimento sindical, atualmente professor na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), na qual participa da coordenação da Universidade Aberta à Economia Solidária, inicia o diálogo questionando se é o caso de reconstruir o país ou reinventá-lo. Nesse sentido, diz que “o movimento da economia solidária reúne há décadas trabalhadores e trabalhadoras, militantes, que imaginam, sonham, discutem, juntas, tentam no cotidiano, na prática, construir algo novo, diferente”. Segundo o professor, esse é o dia a dia dos trabalhadores da economia solidária, construir algo novo dentro desse sistema, dentro dessas relações. “Ainda não existe uma economia solidária, mas poderia existir, tanto no desenvolvimento das forças produtivas, como do conhecimento científico e também na organização atual da sociedade civil”. E diz que a economia solidária tem potencial para construir algo novo, melhor. “O projeto de economia é a base de sustentação para outra relação de sociabilidade. Portanto, para outra a construção de outra sociedade”. Egeu prossegue falando sobre a invisibilidade do trabalho coletivo, cooperativo, e o papel economia solidária presentes em todos os setores da economia.

Milton Barbosa, superintendente de Economia Solidária e Cooperativismo da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte da Bahia e membro da Rede Nacional de Gestores de Políticas Públicas de Economia Solidária, descreve um pouco da realidade desse segmento em seu estado. “Produzem mercadorias, mas a força de trabalho não é a mercadoria, produzem para garantir sua própria sobrevivência. A base da estrutura é familiar, há participação enorme das mulheres nessas atividades, seus meios de produção são os seus próprios bens de consumo (geladeira, fogão…), o local de trabalho muitas vezes é a residência ou um puxadinho…”. Lembra que no Brasil há 22 milhões de brasileiros que trabalham nessas condições fundadas na solidariedade. Com relação à economia solidária na reconstrução do país, diz que a própria experiência popular vem mostrando os caminhos. “Com os programas de transferência de renda articulados com tecnologias de desenvolvimento local, como finanças solidárias, moedas sociais, é possível realizar uma transformação em nosso país. A economia solidária tem a vantagem em relação a qualquer outra estratégia, pois permite a organização dos trabalhadores e das trabalhadoras, além de ser em defesa dos seus direitos, o aprendizado histórico da gestão, a emancipação, o tratamento aos temas ambientais, de eliminação dos preconceitos em relação à gênero, raça/etnia”. Milton Barbosa avalia que é possível incluir o processo econômico num processo muito mais amplo, em que as barreiras entre econômico, político e o social são esgarçadas.

Os participantes relatam as diversas experiências e propostas que podem ser absorvidas por um programa de governo.

Tatiane Valente (PT), coordenadora Setorial Nacional de Economia Solidária do PT, recupera que o projeto de lei 606/19 ainda tramita na Câmara. “Este institui o lugar do empreendimento de economia solidária, também há projetos sobre cooperativismo que necessitam de atenção”. Ao final, acrescenta que é “preciso fomentar um sistema que fortaleça o comércio justo. Fala-se na produção, mas também é preciso haver um consumo que dê sustentação a esse trabalhador”. Lembra ainda que é preciso um Plano Nacional de Educação que trabalhe a partir do território. Uma sociedade melhor, mais justa e solidária, mas precisamos preparar esses atores e atrizes, mirins, jovens, para que entendam o que é essa economia solidária, a relação com o meio ambiente, com o território.

Assista o programa na íntegra aqui.

A plataforma Juntos Pelo Brasil, criada para apresentar, debater e permitir a participação popular na construção do plano de governo da chapa Lula-Alckmin iniciou a série “Diálogos pelo Brasil”, espaço para envolver personalidades, especialistas e entidades nacionais para avançar no processo de construção programática. Para contribuir e acompanhar os debates, visite e participe https://www.programajuntospelobrasil.com.br/#