A ‘Internacional do Capital Financeiro’ contou com lançamentos na UFABC, no dia 16; na USP, dia 17; na FGV e PUC, dia 21; e na Unicamp, no dia 22

Na tarde de quinta-feira, dia 16, a Universidade Federal do ABC, em São Bernardo do Campo (SP), recebeu o primeiro de uma série de lançamentos do livro A Internacional do Capital Financeiro, uma parceria das fundações Perseu Abramo e Friedrich Ebert (FES) e do portal de notícias Carta Maior. Na sexta-feira, 17, houve lançamento na USP e, na terça-feira, dia 21, na FGV-SP e na PUC-SP. A Unicamp contou com evento na quarta-feira, 22.

Organizado pelo advogado e diretor-geral da Carta Maior Joaquim Palhares, a obra aborda o processo de financeirização do capitalismo global pós-crise de 2008 e seus impactos na América Latina e no Brasil. O livro reúne artigos de figuras de proa da academia latino-americana, como Ladislau Dowbor, Luiz Gonzaga Beluzzo e o presidenta da FPA, Marcio Pochmann, entre outros.

Teixeira, um dos autores, em debate com alunos da UFABC

“Este livro faz parte de uma série, de um tripé que iremos lançar: este sobre capital internacional, um sobre participação social, que explica este momento de transição que estamos vivendo, e um terceiro sobre integração internacional. Descobrimos que esta é uma forma rápida e fácil de chegar até vocês (os estudantes). Para o ano que vem, nossa ideia é lançarmos um desses por mês”, explicou Palhares.

Confira os vídeos dos lançamentos na íntegra aqui.

UFABC
O professor da UFABC, Giorgio Romano Schutte, também colaborador do portal Carta Maior, abriu os trabalhos, ressaltando a importância do livro, principalmente por reacender um debate que vem sendo esquecido. “Logo após a irrupção da crise de 2008, o próprio G-20 lançou comunicados em que pedia regulamentação, taxação, etc. Hoje o momento passou, parece que era apenas uma manifestação pro forma.”

Secretário-adjunto de Planejamento, Orçamento e Gestão da Prefeitura de São Paulo e professor da PUC-SP, Rodrigo Alves Teixeira, um dos autores do livro, esteve presente para comentar seu artigo e responder às perguntas da plateia. Sob o título Rentismo, fissuras no bloco no poder e as eleições, seu texto aborda a influência do capital financeiro nas sociedades.

“O artigo fala dessa trajetória da dependência do fluxo de capitais financeiro, e de como sua fração hegemônica, a fração bancária do capital financeiro, como sua força de influência vai se diminuindo. Ele tinham poder para influenciar, para escolher os nomes para o Banco Central, por exemplo. Esse bloco foi perdendo poder”, afirma Teixeira.

Fundação Getúlio Vargas
O lançamento na Fundação Getúlio Vargas (FGV), em São Paulo, aconteceu no dia 21, à tarde, com as presenças de Palhares, de Francisco Fonseca, doutor em Ciência Política e professor na FGV, coordenando a mesa; e dos autores Rosa Maria Marques, doutora em Economia, professora da PUC/SP; e Sebastião Velasco Cruz, doutor em Ciência Política, professor da Unicamp. Fonseca lembrou aos presentes que o livro aborda um setor que “tem um impacto brutal em nossas vidas, ainda que a mídia não o mostre assim.”

Palhares, Velasco, Fonseca e Rosa Maria (da esq. para dir.), na FGV

Velasco, autor do artigo O Império (da alta-finança) contra-ataca explicou o título do livro, menos uma obviedade a respeito do fato de o capital não ter pátria, ser de sua essência a não territorialidade, mas muito mais sobre a união do capital internacional em assuntos internos dos países nos quais investe (ou especula). “Daí porque temos revistas estrangeiras, caso da The Economist, com capas como a desta semana [Why brazil needs change], ditando arrogantemente rumos sobre nossa economia e política.”

Para a professora Rosa Marques, autora do artigo Sob o tacão de ferro do capital financeiro, a lógica do capital fictício é de curto prazo e vai inibir a as lógicas de médio e longo prazos dos capitais comerciais ou industriais. “Interesses estrangeiros e brasileiros querem que nossas taxas de juros sejam altas. Isso está entranhado de tal forma em nossa realidade que impede que qualquer um faça uma política pública autônoma.”

Conheça aqui a íntegra do livro A Internacional do Capital Financeiro.

PUC/SP
O debate de lançamento realizado na PUC/SP, no dia 21 de outubro, contou com a participação dos autores Ladislau Dowbor e Rodrigos Alves Teixeira, ambos professores da casa. A mesa foi coordenada pelo professor Rubens Sawaya.

Para Dowbor, autor do artigo O debate sobre a financeirização da economia, a publicação A Internacional do Capital Financeiro fica no limite entre ser um trabalho acadêmico e também jornalístico com “visão progressista do tema”. Ele defende que “eixo central da deformação das novas economias está na financeirização”. E explicou que os sistemas financeiros travam o crescimento e desenvolvimento dos países: “é mais simples e seguro comprar títulos do que a indústria fabricar seus produtos”, disse.

Dowbor tem em seu site uma série de pesquisas mundiais sobre o tema, com números expressivos, como o de que 737 grupos controlam 80% do sistema corporativo mundial ou então que dão conta que entre R$ 150 bilhões a R$ 200 bilhões são transferidos todos os anos para os bancos. Durante o debate, o professor defendeu que o sistema capitalista mudou e por ser planetário, o tema da financeirização é o filé mignon dos problemas atuais.

Rodrigo Alves Teixeira, autor do artigo Rentismo, fissuras no bloco no poder e as eleições, optou por comentar os efeitos do capital financeiro no interior do Estado e a inserção brasileira na economia mundial. Teixeira falou também sobre o último período, “as opções dos governos atuais, que livraram o país da dominância da fração bancária” e de como foram importantes as políticas sociais e as ações do governo na crise de 2006 ou o desenvolvimento de uma política monetária pró-desenvolvimentista e redução dos juros.

Unicamp
No dia 22 de outubro foi a vez de debater o livro no Instituto de Economia da Unicamp, com exposições dos professores Luiz Gonzaga Belluzzo, Sebastião Velasco Cruz e do embaixador Samuel Pinheiro Guimarães.

Belluzzo, que assina o artigo A dinâmica financeira da era neoliberal, falou sobre a prevalência do sistema financeiro, que se aprofunda a partir dos anos 1980/90 e as ações para garantir a rentabilidade dos bancos.

Samuel Pinheiro relatou a trajetória capitalista. Para ele, a financeirização é mais recente que o sistema capitalista, mas não passa de um novo “modo de arrecadar e extrair riquezas e exige que a luta permanente dos trabalhadores para conquistas legais controle esse processo”.

O Império (da alta finança) contra-ataca é o artigo do professor Velasco Cruz. Em sua exposição ele faz a relação entre o tema do livro e a conjuntura atual: “o capital opera na nossa realidade cotidiana de dois modos, pela economia propriamente dita, e como força política”.

Confira os vídeos dos lançamentos na íntegra aqui.

Agenda de lançamentos da obra:

17 de outubro, às 18h
USP
Auditório de História
Expositores: Luiz Gonzaga Belluzzo, doutor em Economia – Facamp/Unicamp
Rodrigo Alves Teixeira – PUC/SP
Coordenador da mesa: profª Leda Paulani, USP

21 de outubro, às 14h
Fundação Getúlio Vargas (FGV), São Paulo
Rua Itapeva, 432 (ou Avenida 9 de Julho, 2029) 7º andar, sala 703
Expositores: Profª Rosa Maria Marques, doutora em Economia – PUC/SP
Profº Sebastião Velasco Cruz, doutor em Ciência Política – Unicamp
Coordenador da mesa: Profº Francisco Fonseca, doutor em Ciência Política e professor na FGV 

21 de outubro, às 19h30
PUC/SP
Rua Monte Alegre, 984, Perdizes, Auditório 333
Expositores: Profº Ladislau Dowbor, PUC/SP
Rodrigos Alves Teixeira, PUC/SP
Coordenador da mesa: profº Rubens Sawaya, PUC/SP

22 de outubro , às 16h
Unicamp – Campinas
Rua Pitágoras, 353, Cidade Universitária Zeferino Vaz
Expositores: Luiz Gonzaga Belluzzo, doutor em Economia – Facamp/Unicamp
 Sebastião Velasco Cruz , doutor em Ciência Política – Unicamp
Coordenador da mesa: embaixador Samuel Pinheiro Guimarães

*Com transmissão online da tevêFPA

Fotos: Márcio de Marco, Marcelo Vinci e Sérgio Silva