ECONOMIA NACIONAL
Índices de confiança seguem trajetória de queda no início de 2015: Os principais índices que buscam captar a confiança de empresários e consumidores no Brasil seguem uma trajetória de queda neste início de 2015, apesar do anúncio da mudança na equipe econômica. De acordo com a FGV, o Índice de Confiança da Construção (ICST) apresentou queda de 6,1% no mês de janeiro, chegando a 90,8 pontos (onde todo dado abaixo de 100 indica retração). Na comparação com janeiro/2014, a queda no indicador soma 21,3%. A queda se deu tanto na avaliação da situação atual (ISA), que recuou 7,5% em janeiro (após queda de 1,8% em dezembro) e soma apenas 81,9 pontos, quanto no Índice de Expectativas (IE), que chegou ao campo negativo, após registrar queda de 5% e passar de 104,8 pontos em dezembro para 99,6 pontos em janeiro. Já o Índice de Confiança do Consumidor (ICC) apresentou queda de 6,7% em janeiro, passando de 96,2 pontos para 89,8 pontos, menor nível histórico do índice, que existe desde 2005. Assim como no ICST, a confiança do consumidor caiu influenciada tanto pela piora na avaliação da situação atual (-8,6%) quanto na deterioração do indicador de expectativas (-6,2%). A queda do índice entre o mês de janeiro de 2014 e de 2015 já soma 17,1%.
Comentário: A deterioração nas expectativas empresariais e dos consumidores é um processo que pode ser observado no Brasil desde meados de 2013, quando as manifestações de junho alteraram profundamente a percepção das pessoas acerca da realidade e do futuro do país. Todos os índices de confiança (inclusive os de aprovação dos governos) foram profundamente afetados por esta verdadeira inflexão na avaliação dos brasileiros acerca do Brasil e seu futuro, o que evidentemente teve profundos impactos no ritmo de expansão da economia nos anos seguintes. Este processo de desgaste e incerteza na confiança se aprofundou em 2014, seja pelos resultados ruins no campo econômico, seja pelo clima eleitoral que tomou conta do país e da mente das pessoas (incluindo alguns empresários), gerando enorme incerteza acerca do futuro da economia e influenciando os resultados econômicos do ano. A recente nomeação da nova equipe econômica, que adotou desde sua posse um discurso de ajuste recessivo em reação às dificuldades econômicas enfrentadas pelo país, parece ter como consequência, ao menos no curto prazo, o aumento da desconfiança de consumidores e empresários acerca de suas expectativas para o futuro da economia. Nos mercados financeiros, por outro lado, viceja certa confiança com o futuro da economia, que se reflete na queda das taxas de juros longas, indicando a confiança dos analistas financeiros no sucesso da estratégia apresentada pelo ministro Joaquim Levy. É preciso aguardar para descobrir se esta melhoria nas expectativas presente no mercado financeiro se traduzirá na melhoria das expectativas dos empresários e consumidores, que são os verdadeiros geradores de renda e emprego no país. Caso este processo ocorra e os investimentos privados voltem a fluir, o resultado do ajuste terá sido positivo a despeito dos efeitos recessivos de curto prazo, já admitidos pela atual equipe econômica.
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Análise: Guilherme Mello, Economista