Reversão na trajetória de crescimento, apesar de relevante, surpreendeu os analistas, que esperavam em média uma queda de 0,5% do PIB no período

Ano 3 – nº 281 – 29 de maio de 2015
 

ECONOMIA NACIONAL

PIB recua no primeiro trimestre, mas surpreende analistas positivamente: O Produto Interno Bruto do Brasil apresentou retração de 0,2% no primeiro trimestre de 2015, após registrar alta de 0,3% no último trimestre de 2014. A reversão na trajetória de crescimento, apesar de relevante, surpreendeu os analistas, que esperavam em média uma queda de 0,5% do PIB no período (segundo o Valordata). Do ponto de vista da oferta, a indústria apresentou queda de apenas 0,3% na comparação do primeiro trimestre com o trimestre imediatamente anterior, contra expectativa de retração de 1,6% no período. O setor de serviços, por sua vez, recuou 0,7%, ante expectativa de queda de 0,5%. Outra surpresa positiva foi a agricultura, que apresentou forte expansão de 4,7%, bastante superior a expectativa de crescimento de 1,1%. Do ponto de vista da demanda, o consumo das famílias, um dos importantes fatores de crescimento dos últimos anos, retraiu 1,5% no primeiro trimestre do ano. A demanda do governo também apresentou forte queda, registrando retração de 1,3%, mesmo valor de queda observado na formação bruta de capital fixo. Por fim, o setor externo apresentou uma contribuição menos negativa para a dinâmica do crescimento do que vinha ocorrendo, ao registrar um crescimento de 5,7% nas exportações contra crescimento de 1,2% nas importações.

Comentário: O resultado do PIB, apesar de negativo, surpreende positivamente a média dos analistas e demonstra a resiliência da economia nacional, mesmo em um cenário de pessimismo profundo. O resultado da produção industrial registrou resultado muito melhor do que o esperado, assim como resultado da produção agropecuária. Porém, parte da explicação para este fenômeno pode ser a de que o pior ainda está por vir, em particular na indústria, que deve apresentar dados mais negativos no segundo trimestre do ano. Um fato que chama atenção é a rápida deterioração do setor de serviços, do ponto de vista da oferta, e do consumo das famílias, do ponto de vista da demanda, impulsionadores do crescimento econômico nos governos Lula e Dilma e que agora apresentam um processo de reversão, que deve se aprofundar nos próximos meses devido a deterioração recente no mercado de trabalho e o encarecimento do crédito. A queda no consumo do governo, que já era esperada, também surpreende negativamente pela sua magnitude, somando-se aos outros fatores como força depressiva na economia nacional. Por fim, a retração na formação bruta de capital fixo marca a sétima queda consecutiva, demonstrando que a desaceleração econômica é um processo iniciado já no final de 2013. Apesar destas considerações negativas, o resultado de hoje deve reverter a tendência de deterioração da previsão do PIB em 2015, que deve se estabilizar próxima a -1%.
 
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