O resultado surpreendeu negativamente a média dos analistas de mercado, que esperavam um crescimento de 0,5% das vendas no mês de abril

Ano 3 – nº 285 – 16 de junho de 2015
 

ECONOMIA NACIONAL

Vendas no varejo apresentam nova retração em abril: As vendas no comércio varejista apresentaram nova retração no mês de abril na comparação com o mês imediatamente anterior, recuando 0,4%, já realizados os ajustes sazonais. O resultado surpreendeu negativamente a média dos analistas de mercado, que esperavam um crescimento de 0,5% das vendas no mês de abril. A queda foi puxada pela retração em setores como tecidos, vestuário e calçados (-3,8%) e equipamentos de escritório e informática (-12,2%), apresentando crescimento expressivo apenas no setor de super e hipermercados, que cresceu 1,9% na comparação mensal. A receita nominal do varejo ainda apresentou variação positiva, de 0,3%, porém, inferior à inflação no período. No ano, o varejo já apresenta retração de 1,5%, registrando ainda alta de 0,2% no acumulado de 12 meses. Já no varejo ampliado, que inclui as vendas de veículos e motos, partes e peças e materiais de construção, a queda foi inferior, registrando retração de apenas 0,3%, puxada pelo aumento de 4,4% nas vendas de automóveis, após seguidas quedas neste mercado. No ano, a queda acumulada do varejo ampliado já soma 6,1%, com retração de 4,1% no acumulado de 12 meses.

Comentário: A queda nas vendas do varejo decorre do avanço do desemprego, da diminuição do rendimento médio real do trabalho (também ligada ao aumento da inflação) e da retração do crédito, em um cenário em que as famílias já comprometem boa parte de seus orçamentos domésticos com o pagamento de dívidas contraídas anteriormente. Evidentemente, estes fatores combinados debilitam fortemente a confiança dos consumidores, que adiam seu consumo tendo em vista o clima de crise que se instalou no país. Além de afetar diretamente uma série de empregos no setor varejista, a queda nas vendas também afeta a produção industrial e a perspectiva de recuperação econômica, posto que uma importante fonte de demanda da economia brasileira (o mercado interno puxado pelo consumo das famílias) parece ter se esgotado. A reversão desta tendência de queda das vendas no varejo e da produção industrial só deve se observar a partir do momento em que o país retomar um cenário de confiança, com estabilização do desemprego, da inflação e aumento da renda e do crédito. É pouco provável que isso ocorra de forma significativa ainda em 2015, podendo se considerar uma boa notícia a simples estabilização e recuperação gradual dos índices de confiança, que se encontram em queda há muitos meses.
 
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