Diferentes políticas públicas criadas pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se articulam para melhorar a condição de vida das populações que vivem afastadas dos centros urbanos.

A Associação de Mulheres Produtoras Rurais de Quandu (Amprorqua), na área de Currais Novos (RN), é um exemplo disso. A partir da disponibilidade do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), as mulheres da região se organizaram para produzir doces e gerar renda.

Depois, elas tiveram o apoio de um projeto de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), construindo um prédio para a associação e fornecendo biscoitos, doces e bolos para Institutos Federais (IFs) e escolas.

A Lei Geral de Ater está em vigor desde 2010 e é considerada um marco de evolução na extensão rural pública no Brasil, facilitando a universalização dos serviços da assistência técnica e extensão rural para os agricultores familiares.

“Quando a gente começou, a gente produzia na nossa própria casa, transportava até os IFs, e de lá outros carros já pegavam pra outras cidades. Foi muito rico esse processo da merenda escolar pra gente”, conta Marizete Maria de França, associada da Amprorqua.

“Foi uma base para a gente construir a associação, e hoje a gente entrega para quase todos os municípios da região”, acrescenta orgulhosa

“Minha vida antes, eu era uma mulher de casa, só cozinhava para marido, cuidava de galinha, aí a associação chegou e foi mudando a minha vida”.

“Tenho minha independência financeira, tenho meio de transporte, tenho minhas vendas fora da associação também, sou uma pequena empreendedora, tenho muito orgulho de falar hoje que sou uma mulher independente”.

 

Marizete diz que programas como o Bolsa Família e Programa Cisternas foram fundamentais para a comunidade de Quandu.

“O Bolsa Família ajudou muito, principalmente as crianças no colégio. A gente tem oportunidade de comprar o material escolar, comprar a roupa, os sapatos. Acho que o princípio de tudo foi o Bolsa Família”.

“As cisternas chegaram no momento que a gente mais precisava. Chove muito pouco no nosso estado e quando tinha chuva a gente tinha água, mas quando não tinha, a gente tinha que pegar de poço nos vizinhos”, relembra.

“Hoje cada um tem a sua cisterna, é abastecida pelo exército, água de ótima qualidade, e quando chove a gente tem a nossa água doce”.

Desmontes afetam mais fragilizados
Na comunidade quilombola de Negros do Riacho, também próxima a Currais Novos, as políticas de Lula também contribuíram para a melhoria da população, mas hoje já começam a fazer falta, por conta dos cortes de Temer.

Com cerca de 280 moradores, a comunidade foi oficialmente reconhecida como quilombola em 2005, época na qual recebeu casas de alvenaria pra substituir as últimas moradias de taipa.

“Em 2005 a gente teve 15 casas construídas aqui, de gente que morava em casa de barro e vara, coberta com telha, aí mudou. O pessoal pode dizer que teve sua casa no período do governo Lula”, conta o presidente da associação de moradores, José da Silva Oliveira.

Ele destaca a importância do Bolsa Família e como o programa já começa a fazer falta para algumas famílias.

“Onde o pessoal mais tira o sustento é do Bolsa Família. Tem aposentados, mas o sustento mais forte é do Bolsa Família. A maioria das 47 famílias é sustentada pelo programa”.

“Eu dou graças à Deus de ter esse Bolsa Família, que ajuda muito na renda da casa, a pessoa compra material escolar para as crianças, comida”.

“Hoje muitas famílias estão sendo cortadas e eles sentem uma diferença enorme dessa renda. É um dinheiro que não é muita coisa, mas ajuda. Imagina você ser cortado do Bolsa família em uma casa onde moram 7 ou 8 pessoas e não tem outra renda para se sustentar”.

Oliveira relata que outro programa cortado foi o Mais Educação, por meio do qual eram feitas oficinas com as crianças locais fora do horário de aula. O Programa Mais Educação foi criado pela Portaria Interministerial nº 17/2007para ajudar na construção de uma agenda nacional de educação integral.

“Aqui sentimos muito os cortes, teve o corte do Mais Educação, onde as crianças estudavam fora do período de aula, eles tinha seu divertimento na própria comunidade, conhecia mais da cultura, da história da comunidade”, conta o presidente da associação de moradores.

“A gente fazia uma dança africana, tinha um trabalho muito bom do Mais Educação que a gente perdeu, e agora também o Bolsa Família que está sendo cortado”, lamenta.

Por Pedro Sibahi, enviado especial ao Nordeste com a caravana Lula pelo Brasil, para a Agência PT de Notícias

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