CSBH em Notas – nº 19 (setembro de 2009)
Centro Sérgio Buarque de Holanda.
Setembro de 2009. Número 19.
Informativo mensal do Centro Sérgio Buarque de Holanda da Fundação Perseu Abramo voltado ao público interessado na história recente da esquerda e na memória do Partido dos Trabalhadores.
ESTAS OBRAS PERTENCEM AO ACERVO DO CSBH-FPA
Flavio Koutzil. Pedaços de morte no coração – O depoimento de um brasileiro que passou quatro anos no inferno das prisões políticas da Argentina. São Paulo: LP & M, 1998. Ao mesmo tempo, o livro é a experiência de pesquisa e de vida de Flavio Koutzil, que esteve preso entre os anos 1975 e 1979, no empenho que ele mesmo define: “escrever é sobretudo me dar a certeza de não esquecer”. O universo abordado é o mundo concreto das prisões políticas argentinas que revelam as sofisticadas técnicas de repressão e destruição empregadas pelos militares. Pedaços de morte ajuda a entender a luta das mães da Plaza de Mayo e a triste constatação de alto número de desaparecidos e torturados pelo regime dos anos 1970.
Liszt Vieira. A busca: memórias da resistência. São Paulo: Aderaldo e Rotschild, 2008. 204 p.
Liszt Vieira escreve sua biografia que revela sua “sua vida de revolucionário”. A busca soma-se aos outros livros que, publicados depois de 1988, contavam testemunhos e memórias do que aconteceu durante os anos de ditadura militar. A narrativa tem início com o episódio do rapto do cônsul japonês. Apesar de bem sucedida, a operação resultou na prisão de Vieira. Nas palavras dele: “Os militares do DOI-CODI só pensavam em capturar Lamarca. Assim, minha tortura foi ‘protocolar’. Eles já haviam desenvolvido uma técnica de tortura: o famoso pau-de-arara e choque elétrico, no ouvido e nos testículos”. Depois da prisão, começa sua saga no exílio em Cuba, Chile, Argentina, França, Portugal e só volta ao Brasil com a lei de Anistia.
Ana Rita Fonteles Duarte. Memórias em disputa e jogos de gênero: O Movimento Feminino pela Anistia no Ceará (1976-1979). Doutorado em História, Universidade Federal de Santa Catarina, 2009. 232 p. Resumo: “Estudo das memórias do Movimento Feminino pela Anistia (MFPA), no Ceará, com ênfase em narrativas de ex-integrantes, entre os anos de 1976 e 1979. O trabalho procura compreender as questões de gênero na forma como as mulheres recuperam suas ações políticas e trajetórias de vida, com foco na elaboração de subjetividades a partir de experiência coletiva. O Movimento Feminino pela Anistia foi criado em 1975, em âmbito nacional, com o objetivo de lutar pela anistia dos perseguidos pela ditadura militar em 1964. Seus quadros reuniam, de acordo com as normas estatutárias, somente mulheres, com núcleos pelo País e milhares de participantes. Apesar de formado, em grande parte, por familiares de presos e exilados políticos, o MFPA agrega mulheres ansiosas por retomarem militâncias políticas interrompidas ou realizadas somente de forma clandestina, além de ter reunido pessoas movidas pela solidariedade. A convivência entre militantes com diferentes motivações gera uma ação política sui generis, em constante instrumentalização do gênero, com disputa entre as memórias reconstruídas no presente e tornando mais complexa a atividade do Movimento que, apesar de fundado sobre valores tradicionais ligados à figura da mulher como defensora da família e pacificadora da sociedade, extrapola tais vivências. Há polarização, especialmente concentrada, entre as que se identificam como familiares de presos políticos e as que se reivindicam como “mais politizadas”. As razões da disputa são analisadas ao longo do trabalho. Tampouco as memórias do MFPA são produzidas somente pelo grupo de mulheres formado para esta pesquisa. Está presente em discursos nas solenidades e manifestações do movimento de anistiados no Estado, na mídia e na documentação dos órgãos de segurança do regime ditatorial. Os discursos são permanentemente comparados e confrontados com documentos de história oral desta pesquisa, em análise que amplia as formas de compreender a luta pela anistia no Brasil, recuperando a ação das mulheres como personagens fundamentais.”.
AS FOTOS AQUI REPRODUZIDAS PERTENCEM AO ACERVO DO CSBH-FPA (Foto: Ricardo Malta/Agência F4 – Acervo Em Tempo/CSBH)
Congresso da Anistia em Salvador – Plenária de sábado (Ennio Brauns/Em Tempo/CSBH)
(Jesus Carlos/Em Tempo/CSBH)
ESTAS OBRAS PERTENCEM AO ACERVO DO CSBH-FPA
Marcos Piva nos enviou esta valiosa colaboração:
(Libanio)
“Amig@s do CSBH
Em primeiro lugar, quero parabenizá-los pelo excelente trabalho de resgate da memória iconográfica do PT. Bela contribuição à história! Identifico algumas das pessoas que estão na primeira foto da Memória Coletiva (boletim de abril de 2008). Por um simples motivo: fui um dos jogadores daquela memorável partida entre o Politeama, equipe do Chico Buarque, e o 13, comandado pelo Lula. O jogo foi realizado no estádio Ulrico Mursa, em Santos, num domingo de outubro de 1989. De pé, da esquerda para a direita: Vicentinho, Eduardo Suplicy, Luiz Eduardo Greenhalgh, Chico Buarque, Lula, Odilon Guedes, desconhecido, Jair Meneguelli e José Eduardo Cardozo. Agachados, da esquerda para a direita: desconhecido, desconhecido, desconhecido, Luis Gushiken, Marco Piva, Jorge… (foi presidente da CUT/SP), desconhecido, desconhecido. Sentados, também da esquerda para a direita: Paulo Azevedo, Carlinhos Vergueiro, Telma de Souza (com a camisa do Brasil). Fraternalmente, Ajude o CSBH a identificar o acervo iconográfico!
Quem estava na platéia do seminário “PT e o marxismo”, evento preparatório para o I Congresso do PT, 1991?
As pistas devem ser enviadas ao endereço: memoria@fpabramo.org.br
Na certidão de nascimento assim estava escrito: Em São Paulo, no dia 10 de fevereiro de 1980, um domingo, às 11:30 horas, foi fundado o Partido dos Trabalhadores. A tomada do plenário captada pelas lentes do fotógrafo Juca Martins – a quem agradecemos a gentileza de permitir a utilização dessa sua imagem em nosso boletim – , no Colégio Sion, registra um retrato instigante das muitas histórias e pessoas que participaram da fundação do PT. Com o objetivo de estabelecer a lista dos presentes no momento inaugural do partido, o CSBH pede aos leitores do nosso boletim CSBH EM NOTAS e aos militantes que nos ajudem a reconhecer e a contatar as pessoas registradas por Juca Martins nesta foto:
(Juca Martins/Olharimagem)
Para ajudar na busca, confira os destaques publicados nas edições anteriores. Para acessar os números passados de CSBH em Notas, clique aqui.
As informações podem ser enviadas para memoria@fpabramo.org.br
No último dia 28 de agosto, o Centro Sérgio Buarque de Holanda e a Fundação Perseu Abramo lançaram a exposição Anistia 30 anos – Por Verdade e Justiça. Documentos que estão sob a guarda do CSBH foram aqui expostos para relembrar os trinta anos dessa luta no Brasil. A repercussão da exposição foi surpreendentemente boa e o retorno do público proporcionou até mesmo novas doações, como o acervo que já está incorporado ao CSBH enviado por Beatriz Vale Bargieri. Ex-membro do CBA de Piracicaba, Marta Maria Beserra Silveira, também nos ofereceu o material acumulado durante sua trajetória. O CSBH agradece à Beatriz Vale Bargieri e à todos que nos escreveram.
Para conhecer a exposição virtual, clique aqui.
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