Um 7 de novembro cem anos atrás, em 1917,  soldados e operários sob o comando do Comitê Militar Revolucionário do Soviet de Petrogrado derrubaram o governo provisório da Rússia.  Este, por sua vez, tinha assumido o poder depois da revolução de fevereiro daquele ano, que depôs o Czar Nicolás II, encerrando trezentos anos de monarquia absolutista russa.  No mesmo dia abriu-se o Segundo Congresso dos Soviets de Toda a Rússia, que votou favorável a assumir o poder e nomeou um governo operário e camponês, presidido por Vladimir Ilich Lenin.

Na época, vigorava em Rússia o antigo calendário juliano, pelo qual era 25 de outubro, por isso a data ficou conhecida como “Revolução de Outubro”.  Foi a primeira revolução operária vitoriosa, que mudou e marcou o rumo da história mundial no século passado.

A irrupção das massas trabalhadoras com orientação ideológica socialista marxista  apavorou a burguesia no mundo todo.  Primeiro, respondeu com o nazi-fascismo e a repressão.  Depois, no capitalismo desenvolvido, buscou soluções de compromisso, com o reconhecimento de direitos sociais no “Estado de Bem-Estar”, nas três décadas posteriores à Segunda Guerra Mundial.

Finalmente, diante da crise do legado da então União de Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), nos anos 1980, atreveu-se a uma contraofensiva, com o programa neoliberal, que significou um ataque em toda a linha às conquistas sociais.  Contrariamente à propaganda ufanista neoconservadora dos anos 1990 do “fim da história”, mais de vinte e cinco anos após o fim da URSS, em 1991, o capítulo da história contemporânea continua em aberto.

Daí que aquele “assalto ao céu” de cem anos atrás continua atraindo a atenção. Na comemoração do centenário, tem havido no Brasil  edições de livros e revistas e debates sobre a revolução russa e seu legado.

Dois tipos de leituras são particularmente importantes para compreender aqueles eventos.   Até agora, havia sobretudo o trabalho de historiadores e alguns (poucos) testemunhos dos principais atores dessas jornadas. Recentes esforços editorais trouxeram a voz de múltiplos protagonistas e observadores das duas revoluções russas de 1917. Em particular, três livros organizados por estudiosos brasileiros com textos traduzidos diretamente do russo:

* Bruno Barretto Gomide (Org.) Escritos de Outubro. São Paulo: Editora Boitempo, 2017
* Daniel Aarão Reis (Org.). Manifestos vermelhos e outros textos históricos da Revolução Russa. São Paulo:  Penguin Classics Companhia das Letras, 2017.
* Graziela Schneider Urso (Org.)   A Revolução das Mulheres – Emancipação feminina na Rússia soviética: Artigos, atas, panfletos, ensaios.  São Paulo:  Boitempo Editorial, 2017
Outra leitura fundamental, do ponto de vista do Brasil, é a que oferece o livro reeditado recentemente pela Fundação Perseu Abramo “1917-1987. Socialismo em debate”, com o registro do seminário organizado pelo Instituto Cajamar sobre o 70o  aniversário da revolução em 1987,  com a participação de Lula, Luis Carlos Prestes e outros militantes de esquerda brasileira:
* Instituto Cajamar.  1917-1987. Socialismo em debate. Coleção Universidade Livre dos Trabalhadores.  Re-edição Fundação Perseu Abramo, 2017. Disponível em: https://dev.fpabramo.org.br/publicacoes/wp-content/uploads/sites/5/2017/06/socialismo-miolo26.05.17-final_baixa_resolucao.pdf

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