Na segunda-feira, 19 de abril, o programa Pauta Brasil teve como tema central a conjuntura atual, a crise econômica que avassala o país unida à pior crise sanitária que já vivemos. Quais soluções são urgentes e possíveis neste momento?

Com mediação do ex-ministro e presidente da Fundação Perseu Abramo, Aloizio Mercadante, o programa discutiu a emergência de soluções para a crise. “Somos o país com mais mortos, um quadro muito grave que impede a recuperação econômica”, alertou na abertura, juntamente com sua análise sobre o cenário internacional, que começa a desenhar saídas favoráveis para a recuperação econômica e o “Brasil preso no atoleiro”.

Na avalição de Nelson Barbosa, economista, ex-ministro do Planejamento e da Fazenda no governo Dilma Rousseff, o governo agiu como se a crise fosse durar até dezembro. “Ela dura muito mais tempo, deixa sequelas e estamos pagando o preço pelo governo não ter se preparado na área da saúde nem na econômica. A saída não tem segredo, basta ver o que fizeram outros países: combater a doença e suas consequências e recuperar a economia”, segundo ele, com apoio governamental.

Barbosa defendeu a importância de “reforçar a economia dos cuidados, que é parte do Plano Biden, apesar de estarmos na fase da vacinação ainda, não chegamos na reconstrução. É preciso mais recursos para vacinação, mais eficiência e Auxílio Emergencial com valor mais elevado e por mais tempo”. Para ele, o combate à doença é o prioritário. “Saindo da crise, aí entramos na fase da recuperação, tratar as pessoas no aspecto não só da saúde, mas social”, disse.

O diagnóstico de Leda Paulani inclui as questões internacionais, os cenários globais do capitalismo pois “sofremos aqui as consequências da movimentação do capital”. Leda é professora do Departamento de Economia da USP e da pós-graduação. De janeiro de 2013 a março de 2015 foi Secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão da Prefeitura de São Paulo (gestão Haddad).

“A crise de 2008 foi resultado do sistema capitalista mundial, uma questão estrutural e a partir daí, apesar de o discurso se fortalecer, na prática temos contestação prática demonstrando que a forma como o capitalismo foi gerido estava dando com os burros n’água. A pandemia desnudou essa incapacidade de a gestão neoliberal continuar a se mostrar como algo razoável”, explicou.

Só o Brasil continua dando murro em ponta de faca e tem uma “tara fiscalista”, de acordo com a professora. “Deste desgoverno a gente não esperava nada diferente do que vimos”, que para ela, desde o início mostra “sua esquizofrenia”, mas comemorou a organização da sociedade e dos partidos de esquerda, que acabaram gerando o Auxílio Emergencial.

O programa ainda abordou as propostas de Joe Biden para sair da crise, a reconstrução proposta por seu governo, e os aspectos que o PT tem defendido historicamente, a visão de Estado, políticas públicas e universais. Para Barbosa, “o Plano Biden abriu uma janela para outros países terem esse tipo de discussão”, temas como reabilitação da política fiscal, emissão de dívida em curto prazo, programa de estímulo com prazo de 15 anos para pagar foram elencados por ele. Barbosa fala do “novo consenso desenvolvimentista, mais gradualismo no combate à inflação, reindustrialização, oneração do capital, que sem um país como os Estados Unidos defendendo, não acontece”, falou. Expandir o conceito de infraestrutura também seria algo importante, na análise dele, juntamente com a pauta ambiental, “urgente nesse século e que pode gerar novos investimentos”.

Leda Paulani criticou o “terraplanismo geral” do governo: “vai ficando evidente que muitas coisas precisam ser feitas para que o planeta consiga sobreviver à raça humana”. Para ela, a questão do meio ambiente não é “mimimi” e é evidente que o Auxílio é insuficiente, valor muito baixo e por pouco tempo. A briga muito grande tem que ser em alterar e elevar o Auxílio Emergencial”.

Os convidados evidenciaram a opção equivocada “dicotômica” de Bolsonaro: salvar vidas versus salvar a economia. A história está mostrando que estamos na contramão e que ele mentiu, lamentou Paulani. As propostas e alternativas debatidas até hoje pelo PT e Fundação Perseu Abramo também foram apresentadas por Mercadante, que lembrou temas como reconstrução, ação para micro e pequena empresa, geração de emprego e taxação de grandes fortunas.

 

Assista a íntegra do Pauta Brasil aqui.

 

Pauta Brasil receberá especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates serão realizado nas segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.

O novo programa substitui o Observa Br, programa que era exibido nas quartas e sextas-feiras, às 21h. Clique aqui e acesse a lista de reprodução com todos os 66 programas.