O programa Pauta Brasil da quarta-feira, 16 de junho, ouviu os professores Vitor Filgueiras e Rafael Grohmann sobre os problemas que a uberização da economia tem gerado. Para Jorge Bittar, diretor da Fundação Perseu Abramo e mediador do programa, “neste ambiente tem surgido estudos e proposições alternativas. Já há experiências internacionais e no Brasil também”.

Rafael Grohmann é professor de pós-graduação em Ciências da Comunicação da Unisinos e não acredita que teremos plataformas alternativas às que temos hoje, mas “sim alternativas de políticas públicas”, cooperativas de trabalhadores operando a partir “de outras perspectivas, como trabalho decente e alimentação saudável”, explicou.

“O que temos visto é que as plataformas não respeitam os conceitos de trabalho decente. Começamos a fomentar iniciativas de trabalho decente (remuneração adequada, condições de trabalho de saúde e segurança entre outros) com a criação de plataformas locais pensadas também em questões representativas, de classe, raça e gênero.

“Não basta criar uma plataforma. É preciso envolver todos na auto gestão, nas estruturas e criar infraestrutura digital autônoma, por isso a importância de políticas públicas”, falou Rafael.

Vitor Filgueiras é professor de economia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e abordou as experiências estudadas em sua universidade. “É um debate que tem que ser enfrentado. Para que outra sociedade seja possível algum dia, iniciativas onde os trabalhadores controlam a produção, que sempre existiram e devem continuar existindo, são muito importantes até para termos uma sociedade de fato democrática”, disse.

Para ele, “temos que criar laboratórios de alternativas que possam se tornar comuns na sociedade. No cenário atual as plataformas abrem uma janela de oportunidade, e as políticas públicas podem auxiliar na promoção de condições dignas de trabalho”.

“O que estamos propondo é que a relação de trabalho não seja uberizada. Estamos falando de vinte milhões de autônomos, um quarto do mercado de trabalho potencialmente com inserção instável e precária, seja do ponto de vista da renda ou da sua condição de vida”, contou, também relatando que um exemplo da precariedade é que são pessoas que não terão direito à previdência, dando como exemplo os chaveiros.

Construção de políticas públicas, economia solidária, software livre, revolução tecnológica e exploração da mão de obra em novos ambientes, ampliação de mercado para o setor autônomo, alternativas com formato e desenho decididos pelos trabalhadores e a tecnologia a serviço da construção de outras relações foram assuntos no Pauta Brasil. Veja a íntegra do Programa aqui.

 

Pauta Brasil receberá especialistas, lideranças políticas e gestores públicos para discutir os grandes temas da conjuntura política brasileira. Os debates serão realizado nas segundas, quartas e sextas-feiras, sempre às 17h, e serão transmitidos ao vivo pelo canal da Fundação Perseu Abramo no YouTube, sua página no Facebook e perfil no Twitter, além de um pool de imprensa formado por DCM TV, Revista Fórum, TV 247 e redes sociais do Partido dos Trabalhadores.

O novo programa substitui o Observa Br, programa que era exibido nas quartas e sextas-feiras, às 21h. Clique aqui e acesse a lista de reprodução com todos os 66 programas.