Este foi um dos pontos defendidos durante segundo ciclo sobre crescimento da extrema-direita no mundo

A esquerda dos países da América Latina já viveu dias melhores. Embora ainda conte com a influência de Lula no comando da maior democracia da região, partidos, movimentos populares e militantes identificados com as pautas progressistas têm perdido representatividade nos últimos anos para a extrema-direita – que não se constrange em jogar sujo se for preciso para chegar ao poder.

Para mudar esse cenário será preciso novamente apostar numa atuação em conjunto entre nações e na chamada internacionalização, definida por um conjunto de ações políticas, sociais, econômicas e culturais convergentes. Para Mônica Valente, secretária-executiva do Foro de São Paulo, iniciativa criada justamente para dar unidade à esquerda internacional, lembra que o contexto político do momento exigirá mobilização redobrada. 

“O modelo neoliberal em si nas disputas eleitorais, nas disputas democráticas, não conseguia se viabilizar, convencer as maiorias, a gente assumiu o nosso país, executamos um projeto com erro, com acerto, com insuficiências, mas ao mesmo tempo a maneira pela qual o ideário neoliberal resolveu parar esse processo foi sempre a partir de medidas de força”, disse, durante sua fala no segundo ciclo sobre o avanço da extrema-direita no mundo realizado pelo Centro de Análise da Sociedade Brasileira (CASB), na sexta-feira (10). 

Mônica ainda lembrou após a primeira onda de conquistas de governos pela esquerda, a direita não só na região como no mundo todo se transformou, indo em busca de apoio de representantes mais radicais e contrários ao sistema. “Essas lideranças surgiram para enfrentar qualquer pauta considerada progressista, custe o que custar. E é por isso que nós precisamos, mais do que nunca, nos unir e defender as mesmas ideias, claro que sabendo das particularidades de cada país”. 

Para Rafael Freire, da Confederação Sindical das Américas e da CUT, “as democracias estão sendo capturadas pelos interesses das grandes corporações internacionais e do  capital especulativo em aliança com as elites e com a mídia, então cria-se um cenário ideal para o avanço da extrema-direita conservadorismo moral e do punitivismo penal”.

Portanto, complementa ele, essa união dependerá também de uma profunda análise conjuntural e de estratégias claras para não “cair nas armadilhas da extrema-direita”. 

Já Barbara Figueroa, secretária-executiva do Partido Comunista do Chile, o desafio do internacionalismo requer diálogos entre partidos e lideranças e movimentos, além de ferramentas coletivas para uma estratégia de longo alcance e sem precedentes”. 

Para frear esse avanço da extrema-direita, como na Argentina com Javier Milei, é preciso pensar em conjunto e agir em conjunto. “É o que a extrema-direita faz no momento. Enquanto pensamos em divergências conjunturais, eles atacam com a unidade que sempre foi nossa estratégia”. 


Mônica Valente

Rafael Freire

Barbara Figueroa