Com Lula e Dilma, país ganhou política de desenvolvimento apoiada na ampliação dos investimentos e mercado de consumo a partir de programas de distribuição de renda, expansão e formalização do emprego, além de aumento e democratização do crédito

 

 

Este é o décimo sexto de uma série de artigos organizada para oferecer fatos e números que desconstroem as mentiras circulantes, segundo as quais a política econômica do PT teria “quebrado o Brasil”. Aqui, vamos mostrar que o consumo das famílias foi motor do crescimento da economia nos governos Lula e Dilma.

Nas análises anteriores, demonstramos a falsidade dessa narrativa falsa sobre o país quebrado, apresentando o comportamento de diversos indicadores econômicos. Apontamos que, nos governos petistas, o Brasil voltou a crescer e a redistribuir os frutos desse crescimento.

A taxa de investimento saltou do patamar em torno de 16% do PIB, em 2002, para um nível próximo de 20% do PIB, entre 2008 e 2015. O investimento público federal, que representara 1,6% do PIB em 2002, atingiu 2,7% do PIB em 2010, e 2,3% do PIB em 2014. A Formação Bruta de Capital Fixo cresceu, em média, 3,3% ao ano, no primeiro governo Lula; 10,0%, no segundo governo Lula; e 2,3%, no primeiro governo Dilma.

Agora, mostramos como o consumo das famílias foi outro motor do crescimento do país. A partir de 2003, foi esboçada uma política de desenvolvimento apoiada na ampliação dos investimentos e criação de um mercado de consumo de massas formado a partir de políticas de distribuição de renda, de expansão e formalização do emprego e de aumento e democratização do crédito, cuja maior virtude foi a melhora expressiva das condições de vida dos mais pobres.

Houve aumento salarial, ampliação do acesso ao crédito e geração de mais de 20 milhões de empregos com carteira assinada. A taxa de desemprego em 2014 apontava para o pleno emprego. A valorização real do salário mínimo foi de 74,2%, entre 2003 e 2015. A taxa de informalidade do mercado de trabalho e a desigualdade da renda do trabalho medida pelo Índice de Gini caíram significativamente. Mais de 30 milhões de pessoas saíram da pobreza, e outras 16 milhões, da extrema pobreza.

Ao contrário do que a narrativa de oposição repete, esse crescimento não foi artificial. Nem decorreu de medidas populistas. Tampouco foi puxado exclusivamente pelo consumo. Ainda que distante do nível que seria o ideal, o investimento cresceu em geral mais do que o consumo e do que o PIB.

O gráfico 1 mostra que, nos governos petistas, após as fortes oscilações entre 1995 e 2002, a variação anual do consumo das famílias cresceu de forma consistente e com taxas elevadas entre 2004 e 2011 — exceto em 2009, por conta da crise financeira internacional —, e decrescentes no triênio seguinte.

Os resultados negativos verificados em 2014 e 2015 refletem o movimento mais geral de deterioração das condições da economia internacional, do agravamento da crise política e dos efeitos disruptivos da Lava Jato, que destruiu setores produtivos e empregos, em sua estratégia para alcançar o desmonte das empresas nacionais.

Esses resultados também refletem a mudança de rumos na política econômica a partir do mandato de Joaquim Levy e sua opção pela contração fiscal, bem como o agravamento da crise política, posto que a oposição passou a apostar na instabilidade institucional, e a forçar a imposição de limites legislativos à condução da política econômica.

O gráfico 2 mostra o mesmo indicador por subperíodos. Entre 1995 e 1998, a variação anual do consumo das famílias cresceu, em média, 3,5% ao ano. Essa média cai para 1,6% no segundo mandato de FHC. Nos governos petistas, a variação anual média sobe de 3,3% — primeiro mandato de Lula — para 5,6% — no segundo mandato do presidente —; e declina para 3,6% no primeiro governo Dilma, mas um crescimento sempre superior ao verificado nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso.

O aumento dos investimentos e a criação de um mercado de consumo de massas, formado principalmente a partir de políticas de distribuição de renda e da expansão do emprego, em particular do emprego formal, que cresceu 72,8% no período 2003-2014, fomentaram forte ampliação das vendas no varejo. O patamar alcançado entre 2012 e 2015 foi mais que o dobro do verificado no primeiro ano do governo Lula.

O crescimento do PIB e do mercado interno de consumo de massa foi também fomentado pela expansão do crédito. Vale ressaltar, pelo seu significado para o crescimento da economia, que um aspecto importante desse processo de expansão do crédito foi a contribuição do BNDES, especialmente ao financiamento do investimento de longo prazo. Tal ponto será objeto do próximo artigo.

Portanto, o crescimento da renda das famílias, que impulsionou o mercado interno tampouco confirma a narrativa delirante de que a economia, ao cabo dos governos petistas, estaria vivendo “crise terminal”.  •