Nos governos Lula e Dilma, a vida do povo melhorou. O crédito para pessoas físicas saltou de 5,1% do PIB, no governo FHC, para 25,3% do PIB, no último ano da administração petista, antes do impeachment fraudulento que resultou no Golpe de 2016

 

 

No décimo sétimo artigo da série de organizada para oferecer fatos e números que desconstroem as mentiras sobre a política econômica do PT, que teria “quebrado o Brasil”, abordamos agora como a ampliação e democratização do crédito ajudaram o país a enfrentar a crise.

Nas análises anteriores, demonstramos a falsidade da narrativa sobre o país ter sido quebrado pelos governos de Lula e Dilma, apresentando indicadores econômicos. Mostramos que nos governos petistas o Brasil voltou a crescer e a redistribuir os frutos desse crescimento. Enfatizamos que o investimento foi um dos motores do crescimento. A taxa de investimento saltou de 16% do PIB em 2002 para próximo a 20%, entre 2008 e 2015.

Também sublinhamos que o consumo das famílias foi outro motor do crescimento. Entre 1998 e 2002, a variação anual do consumo das famílias foi, em média, de 1,6%. Nos governos petistas, esse índice saltou de 3,3%, no primeiro mandato de Lula, para 5,6%, no segundo governo do presidente.

O índice declinou para 3,6%, no primeiro mandato de Dilma, mas mesmo esse percentual foi superior ao verificado nos dois mandatos de FHC. O aumento dos investimentos e a criação de um mercado de consumo de massas fomentaram forte ampliação das vendas no varejo — o patamar alcançado entre 2012 e 2015 foi mais que o dobro do primeiro ano do governo Lula.

Os dados revelam que, a partir de 2003, foi esboçada uma política de desenvolvimento, apoiada na ampliação dos investimentos e criação de um mercado de consumo de massas formado a partir de políticas de distribuição de renda, e de expansão e formalização do emprego, cuja maior virtude foi ter melhorado expressivamente as condições de vida dos mais pobres.

Neste artigo, mostramos que a ampliação e a democratização do crédito tiveram também papel importante na expansão dos investimentos e do mercado interno de consumo de massa. O crédito total saltou de patamar próximo de 25% do PIB, entre 1995 e 2002, para 53,9% do PIB, em 2015. Nos anos seguintes, ele voltou a patamares do início da década passada e somente tornou a subir em 2020, por conta da crise agravada pela Covid-19.

Durante os governos petistas, houve forte tendência de democratização do acesso ao crédito. O crédito para pessoas físicas saltou de 5,1% do PIB (2002) para 25,3% do PIB (2015), beneficiando, em grande medida, as camadas de baixa renda, e fomentando, assim, o mercado interno de consumo assalariado.

Essa inflexão foi possível, dentre outros fatores, pelo aumento do emprego formal e da renda das famílias, fruto do trabalho e dos programas de transferência de renda — seguridade social e Bolsa Família.

Também se destaca a ampliação da bancarização, em particular através dos bancos públicos e das novas modalidades de crédito, como o consignado e o microcrédito. O crédito para pessoas jurídicas, em queda livre nos governos Fernando Henrique Cardoso, também voltou a subir entre 2002 — 16,2% do PIB — e 2015 — 28,2% do PIB —, ampliando as bases para a expansão do investimento.

O crédito direcionado para setores estratégicos foi importante medida anticíclica adotada pelo governo Lula, para enfrentar a grave crise financeira internacional de 2007-2008. Com a retração da liquidez e da disponibilidade de crédito privado, nacional e internacional, os bancos públicos brasileiros tiveram papel central na contenção da crise, financiando projetos de investimento previstos no Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) e ampliando a oferta de financiamento a taxa favoráveis nos segmentos rural, incluindo a pequena produção agrícola, e habitacional. O crédito direcionado para esse conjunto de atividades cresce, progressivamente, de 9,8% do PIB, em 2006,  para 26,5% do PIB, em 2015. 

Nos governos do PT, os bancos públicos assumiram o papel de protagonista do sistema de crédito brasileiro, ultrapassando em importância o setor privado. Entre 1995 e 1999, o crédito privado prevalecia ante o público. Entre 2003 e 2015, essa posição se inverteu. Em 2015, o crédito concedido pelos bancos públicos atingiu 29,5% do PIB, enquanto o crédito privado estava em 15,8% do PIB.

É particularmente expressiva a contribuição do BNDES no financiamento dos investimentos que fomentaram o crescimento econômico. Os financiamentos do banco subiram de R$ 38,1 bilhões em 2002 para um nível próximo de R$ 190 bilhões, com Dilma, entre 2013 e 2014. Nos governos Temer e Bolsonaro, o apoio do BNDES retornou aos padrões de 2006.

Tais dados mostram que partir de 2003, foi esboçada uma política de desenvolvimento apoiada na ampliação dos investimentos e criação de um mercado de consumo de massas formado a partir de políticas de distribuição de renda, bem como do aumento e da democratização do crédito, sustentada pela ação dos bancos públicos.

Portanto, ao contrário do que a narrativa de oposição repete, esse crescimento não foi artificial, não decorreu de medidas populistas, tampouco foi puxado exclusivamente pelo consumo. Não se sustenta a narrativa delirante de que a economia, ao cabo dos governos petistas, estivesse vivendo “crise terminal”.