Povo precisa de Estado forte e resgate da Petrobrás
Lula: “Vocês acham que, se a Eletrobrás estivesse na mão de um empresário privado, ele iria fazer o Luz para Todos como nós fizemos, investindo R$ 20 bilhões para levar energia para o povo que vivia à base do candeeiro? Não faria“
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender que o Estado brasileiro precisa ser fortalecido para retomar um projeto de desenvolvimento da Nação que combine Justiça Social e combate à desigualdade. Em encontro com movimentos de mulheres, na quinta-feira, 10, ele defendeu a reconstrução do Brasil e que o Estado precisa estar comprometido com as necessidades do povo.
“Eu achei que a gente tinha evoluído quando fez a Constituição de 1988. Mas eles foram destruindo todos os avanços e construindo a narrativa”, criticou. “Foi assim na reforma da Previdência, com a narrativa de que a Previdência era deficitária. Nunca disseram que, até 2014, era superavitária e que será sempre enquanto houver milhões e milhões de brasileiros trabalhando, e não desempregados como estão hoje”.
Em 2022, as eleições são uma oportunidade para a maioria da sociedade se opor ao desmonte de direitos — como a reforma trabalhista. “Não pode ser a candidatura de Lula pelo PT, mas a candidatura de um movimento que queira reconstruir a democracia de verdade”, defendeu. “É hora de lutar por um Brasil soberano”.
“A gente vai ter que dizer que, se a gente ganhar as eleições, a gente vai rediscutir o papel da Petrobrás”, destacou. Ele lembrou que a estatal — nos governos do PT — era exportadora de gasolina. “Destruíram a Petrobrás e hoje tem 410 empresas importando o preço da gasolina, e nós pagando o preço em dólar”, advertiu.
“Se nós somos autossuficientes com o pré-sal, qual é a explicação? A não ser a submissão da soberania brasileira aos interesses mercantilistas daqueles que destruíram a Petrobrás, que venderam os gasodutos que nós construímos, que venderam a BR e que querem privatizar os Correios, o Banco do Brasil e a Eletrobrás”, denuncia.
Lula ressaltou que a política de privatizações, adotada depois do Golpe de 2016, com a ascensão de Michel Temer e, depois, Jair Bolsonaro, está sabotando a capacidade do país de traçar os próprios rumos. “Vocês acham que, se a Eletrobrás estivesse na mão de um empresário privado, ele iria fazer o Luz para Todos como nós fizemos, investindo R$ 20 bilhões para levar energia para o povo que vivia à base do candeeiro? Não. Só pode fazer isso o Estado, se o Estado tiver compromisso com a sociedade. E nós precisamos ter coragem de dizer, e quero que as pessoas ouçam: eu não quero um Estado subalterno, eu quero um Estado forte, para ter poder de decisão”, afirmou.
Lula disse que tem se colocado à disposição para ser candidato por acreditar que é possível não só recolocar o país no rumo da democracia real como também realizar mais do que foi feito nos governos dele e de Dilma. “Se for para fazer apenas igual, eu não preciso voltar. É preciso mais conquista para a sociedade, porque essa gente ignorante que faz parte da elite brasileira precisa saber que uma sociedade justa não é aquela em que eles podem tudo e os outros não podem nada. É aquela em que todo mundo pode um pouco”, discursou.
“O mundo justo que queremos é o mundo em que o filho de uma companheira como essa, que é seringueira no Maranhão, tenha a oportunidade de estudar no mesmo banco de escola do filho do dono do seringal. E que ele dispute quem é que vai ser doutor ou não”, completou. A luta, porém, não será fácil, avisou.
“Não existe essa de já ganhou. Eleição, a gente só sabe o resultado depois da apuração. Então, a gente vai ter que ter muita habilidade para construir nossas alianças, muita habilidade para conviver com pessoas. Eu quero construir um leque de pessoas que ajude a governar este país para a gente mudar. Quando a gente ganhar, a gente vai ter que ter maioria no Congresso Nacional, se não, como a gente vai construir? A gente precisa construir no processo eleitoral”, disse. •