É preciso reverter o processo de desmonte do Estado, torná-lo mais forte e capaz de induzir o desenvolvimento de forma sustentável e à luz de novas diretrizes que enfrentem as mudanças climáticas e preservem riquezas naturais

 

O Brasil atual está afundado numa profunda crise econômica, social e ambiental, o que traz desesperança e tristeza para os brasileiros. Mas o legado dos governos do PT — de 2003 ao Golpe de 2016 — mostra que outro Brasil é possível. Tivemos a capacidade de grandes realizações que tornaram o país referência no mundo contemporâneo, até a reversão do processo por golpistas neoliberais e antinacionais. Um eventual governo Lula a partir de 2023 significa fazer o Brasil reencontrar-se consigo mesmo e pavimentar um caminho que garanta esperança, paz e perspectivas para a juventude e todo o povo brasileiro.

Há pela frente a tarefa gigantesca, com o envolvimento de toda a sociedade brasileira,  de reconstruir um país dilacerado em todas as áreas. O desafio imediato será o de retomar obras e investimentos públicos para atacar frontalmente o problema do desemprego, o mais intenso e prolongado das últimas décadas.

É inadiável enfrentar o problema da fome – cerca de 20 milhões de pessoas passam fome hoje no país e mais de 100 milhões estão em situação de insegurança alimentar —, retomar o Bolsa Família e aumentar o valor do benefício, apoiar a agricultura familiar, que fornece a comida do dia a dia na mesa do povo brasileiro, para assegurar alimentos saudáveis e baratos para a população. É preciso recuperar a indústria, colocando-a em um patamar estratégico.

 

Neocolônia

Porém, a tarefa vai mais além, pois qualquer projeto transformador da sociedade brasileira, com base nos pilares democráticos e respeito aos direitos coletivos, suscita a necessidade de rever o papel do Estado. Tivemos avanços a partir da Constituição de 1988, mas os retrocessos dos últimos seis anos, aprofundados por Bolsonaro, fizeram o Brasil retroceder em termos civilizatórios. Aniquilaram-se projetos e programas vitoriosos nas áreas educacional, social, ambiental, científica,  tecnológica. Estraçalharam as políticas de distribuição de renda e justiça social. Os interesses nacionais foram jogados no ralo, como se o Brasil fosse neocolônia do capital estrangeiro.

A estabilidade plena só será obtida com a adoção de modelo de desenvolvimento que tenha como mote primordial a paz interna, com justiça social,  preservação ambiental e implementação de um projeto estratégico orientado pelos interesses nacionais e populares. O Brasil, como o restante do mundo, não pode ser movido por interesses imediatistas, predadores e norteados apenas pela lógica do lucro. O capital não pode prevalecer sobre os interesses coletivos. Isso é barbárie.

 

Governo Lula

Um novo governo Lula significa promover a transição ecológica da economia, as reformas urbana, agrária e tributária. É inconcebível, em pleno século 21, manter uma estrutura tributária tão cruel contra os brasileiros, num modelo que gera, de um lado, uns poucos milionários e bilionários e, do outro, uma legião de milhões de miseráveis. Num outro Brasil próspero e justo os ricos têm que pagar mais impostos, aliviando o peso da carga tributária sobre a classe média e os pobres.

É preciso reverter o processo de desmonte do Estado, torná-lo mais forte e capaz de induzir o desenvolvimento de forma sustentável e à luz de novas diretrizes que enfrentem as mudanças climáticas e preservem riquezas naturais inestimáveis, como a floresta amazônica, o cerrado e outros biomas. Reconstruir o Brasil significa fortalecer a democracia, respeitar os povos indígenas e os direitos sociais e trabalhistas e aprofundar a representatividade de nossas instituições.

 

Projeto nacional

O povo brasileiro precisa recuperar sua autoestima, a esperança por dias melhores, com a certeza de que teremos um projeto nacional que nunca mais vai deixar o Brasil de joelhos perante interesses estrangeiros, que a fome seja um mal expurgado de nossa realidade e que o conjunto da sociedade tenha paz e segurança para tocar e celebrar e vida.

A retomada desses princípios resgata o espírito que norteou os constituintes de 1988 e deu ao Brasil a Constituição Cidadã, com respeito à democracia, aos direitos coletivos sociais , trabalhistas e ambientais.

O povo brasileiro, como disse o ex-presidente Lula, deve ser o foco central da reconstrução e da transformação do Brasil. Do contrário, será a repetição de mecanismos seculares de desigualdade e de submissão do País aos interesses externos. No mundo atual, é inacreditável que  ainda haja uma estrutura tão injusta em nosso país, um dos líderes mundiais de concentração de renda e de injustiça social.

Numa sociedade em que a ganância, a intolerância e o individualismo são incrementados por neoliberais e seus mecanismos de manipulação das massas, incluindo as fake news,  é preciso lembrar as sábias palavras do papa Francisco: “Não há democracia com fome, nem desenvolvimento com pobreza, nem justiça na desigualdade”.

O povo brasileiro tem pressa para recuperar o seu futuro e construir uma Nação tolerante, pacífica e com justiça social. Num passado muito recente nós fomos capazes de transformar o país, e temos plena capacidade de reconstruí-lo, com Lula. O Brasil é um país que tem jeito sim. E será Lula quem vai liderar uma ampla frente democrática e progressista para tirar o país do buraco em que foi enfiado por Bolsonaro. •