Segundo o estudo, o planeta retrocedeu 15 anos no combate à fome e à desnutrição – ou seja, voltou em 2023 ao patamar de 2008 nos indicadores. O Brasil é exceção na redução da insegurança alimentar

Um relatório divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU) na quarta-feira (24) mostra uma redução significativa na insegurança alimentar no Brasil. A população brasileira em situação de insegurança alimentar caiu de 32,8% no período de 2020 a 2022 para 18,4% entre 2021 e 2023, uma redução de quase 44%.

A insegurança alimentar moderada ocorre quando há incerteza na obtenção de alimentos, levando à redução da qualidade e quantidade de comida. A insegurança alimentar grave é ainda mais crítica, caracterizada pela falta de alimentos por períodos prolongados, resultando em fome.

Enquanto o mundo luta contra o aumento da fome, a América Latina e o Caribe destacam-se como a única região a registrar uma queda nos índices de fome, graças às melhorias no Brasil e países vizinhos. A fome na região recuou de 11% para 8,7% entre os períodos 2020-2022 e 2021-2023.

Os dados são do relatório sobre o Estado da Segurança Alimentar e Nutrição no Mundo (SOFI), publicado em conjunto por cinco agências especializadas das Nações Unidas. Segundo o estudo, o planeta retrocedeu 15 anos no combate à fome e à desnutrição – ou seja, voltou em 2023 ao patamar de 2008 nos indicadores. O Brasil é exceção na redução da insegurança alimentar. 

No mundo 

No cenário global, a situação é alarmante. O mundo está distante de alcançar a meta da ONU de erradicar a fome até 2030. Em 2023, cerca de 733,4 milhões de pessoas sofreram fome, retrocedendo aos níveis de 2008. Na África, um em cada cinco cidadãos enfrentou a fome. Considerando a insegurança alimentar moderada, 2,33 bilhões de pessoas foram afetadas mundialmente.

O Brasil ainda figura no “Mapa da Fome” – de onde tinha saído em 2014, e para onde voltou em 2019, com uma insegurança alimentar que afeta mais de 2,5% da população. Este índice inclui todos os países com insegurança alimentar acima desse valor. Em números, a subnutrição caiu de 4,7% para 3,9%, significando uma redução de 10,1 milhões para 8,4 milhões de brasileiros afetados. No entanto, a desnutrição aguda entre crianças de até 5 anos permaneceu em cerca de 500 mil crianças nos dois períodos analisados.