Mais de mil petistas concorrem às prefeituras; capitais são o foco na relação com o cenário nacional 

Ricardo Stuckert

Na próxima segunda-feira (5), será encerrado o prazo para que partidos políticos e federações (alianças de partidos) realizem suas convenções municipais — eventos de oficialização da escolha dos candidatos a prefeito e vereadores para o pleito de outubro. 

Cidades como São Paulo, com Guilherme Boulos, Porto Alegre, com Maria do Rosário, e Teresina, com Fábio Novo, já realizaram a homologação das candidaturas. Belo Horizonte, com Rogério Correia, terá sua convenção no próximo final de semana. As candidaturas citadas são algumas apostas do Partido dos Trabalhadores para as capitais.

“Acredito que o partido tem uma excelente perspectiva para 2024”, afirma o senador Humberto Costa, coordenador do Grupo de Trabalho Eleitoral do PT. Costa destacou a estratégia de alianças com federações e partidos historicamente próximos, nomeando PCdoB, PSB, PDT, PV, PSOL, REDE; ele também aponta como positivo o número de mais de mil candidatos às prefeituras em todo o país, além de uma quantidade expressiva de candidatos a vereadores.

Para Humberto Costa “a possibilidade é concreta do partido fazer um resultado mais expressivo do que em 2020”, tendo em vista a ampliação no número de prefeitos que, a partir de mudanças desde as últimas eleições, já ocupam os postos e tentarão a reeleição. Neste sentido, em 2020, foram eleitos 165 e agora o partido conta com 280 prefeitos em todo o país. 

A reeleição, inclusive, costuma ser um fator a ser considerado na equação, em especial nas capitais. Nas duas últimas disputas, quase 80% dos gestores de capitais foram reconduzidos ao cargo. Neste ano, 20 dos 26 prefeitos disputam um novo mandato, 11 deles estão em vantagem nas pesquisas. 

Para 2024, um elemento conhecido do cenário nacional, a polarização com o bolsonarismo, segue como um dos principais no jogo político municipal. De acordo com Costa, as eleições deste ano não estão descoladas do contexto nacional e, a partir disso, a estratégia das alianças e o fato do partido ter que abdicar de candidaturas próprias fazem parte do pacote. O PT coloca como norte a figura de Lula como principal cabo eleitoral. 

Destaques

Em Teresina, no Piauí, o deputado estadual Fábio Novo foi o escolhido para tentar um feito inédito, já que o Partido dos Trabalhadores nunca governou a capital. Empatado tecnicamente com o ex-prefeito Sílvio Mendes (União), em primeiro lugar, a avaliação dele é boa, com tendência de crescimento a partir do apoio do bem avaliado governador Rafael Fonteles (PT) e do popular ex-governador e ministro Wellington Dias (PT).

Na cidade de Porto Alegre, Maria do Rosário segue com um resultado animador, chegando a liderar as pesquisas. A deputada federal disputa com o prefeito Sebastião Melo (MDB), desgastado após as enchentes que atingiram diversos pontos do estado e a capital do Rio Grande do Sul. 

São Paulo tem Guilherme Boulos, do PSOL, como cabeça de chapa, e Marta Suplicy, do PT, como vice. O deputado federal é um nome competitivo, ameaçando a reeleição de Ricardo Nunes (MDB), que tenta se vincular a Bolsonaro enquanto padrinho político. De acordo com uma pesquisa recente da FESPSP, Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, em um eventual segundo turno, a vinculação política de Boulos a Lula reflete em maior apoio e mais votos na comparação com a associação de Nunes com o bolsonarismo. 

A disputa em Belo Horizonte segue com Rogério Correia como nome capaz de unificar o campo progressista, porém a deputada federal Duda Salabert (PDT) mantém a candidatura, com convenção marcada para o próximo final de semana. Na capital mineira, há nomes diversificados do campo da direita que disputarão o pleito. 

Além das capitais já citadas, o partido tem expectativas de alcançar bons resultados em outras cidades como Vitória, Goiânia, Cuiabá, Natal, Fortaleza e João Pessoa.