Idolatrado e criticado, Silvio Santos marcou a história da TV brasileira com uma trajetória de conquistas, polêmicas e contradições. Nos programas de auditório, moldou os domingos de famílias brasileiras. Na gestão das empresas, legado é controverso

Redação Focus Brasil

Silvio Santos, nome artístico de Senor Abravanel, foi um dos maiores ícones da televisão brasileira. Nascido no Rio de Janeiro em 12 de dezembro de 1930, filho de imigrantes judeus sefarditas, Silvio começou sua vida profissional como camelô, ainda adolescente, se aventurando no Centro do Rio vendendo produtos nas ruas. 

Sua trajetória como comunicador e empresário é quase uma fábula, o que explica em parte a devoção e o amor de milhões de brasileiros que o acompanhavam há décadas. Em 1961, Silvio fundou a TVS, que posteriormente se tornou o SBT (Sistema Brasileiro de Televisão). Sob seu comando, o SBT foi palco de programas populares e controversos que ajudaram a consolidar a televisão como o principal meio de comunicação e entretenimento do país.

Silvio Santos, com seu carisma e estilo único de apresentação, foi responsável por momentos emblemáticos da TV brasileira. Programas como o “Show de Calouros”, “Roda a Roda Jequiti” e o clássico “Programa Silvio Santos”, que se manteve por quase seis décadas no ar, são marcos de uma era em que a televisão ditava costumes, hábitos e o imaginário popular – uma televisão que, aos poucos, se despede dos últimos grandes nomes.

Controvérsias 

A figura de Silvio Santos sempre foi ambígua, dividida entre o amor incondicional dos fãs e as críticas ferozes de detratores. Seu império midiático foi construído e expandido através de estratégias muitas vezes controversas, especialmente no que diz respeito ao controle acionário de empresas e bancos. As polêmicas financeiras, como o caso do Banco Panamericano, abalou temporariamente a imagem de Silvio, mas sua popularidade permaneceu intacta entre o grande público.

No campo cultural, Silvio se envolveu em uma das disputas mais emblemáticas de sua carreira: a briga com o Teatro Oficina, liderado pelo diretor José Celso Martinez Corrêa. O conflito, que começou nos anos 1980, envolveu uma disputa territorial pela área em torno do teatro, localizado no bairro do Bixiga, em São Paulo. 

Enquanto Zé Celso lutava para preservar o espaço como um centro de efervescência cultural, Silvio buscava empreendê-lo para a construção de um complexo empresarial. O caso se arrastou por décadas e foi amplamente debatido na mídia, refletindo a polarização que sempre cercou a figura do empresário.

Apesar das controvérsias, é inegável que Silvio Santos deixou uma marca indelével na cultura brasileira. Ele não só revolucionou a televisão, mas também desempenhou um papel crucial na construção de um imaginário coletivo que refletia tanto as aspirações quanto às contradições de um país em desenvolvimento. Sua habilidade de se comunicar diretamente com as massas, usando uma linguagem simples e acessível, o transformou em uma figura quase mítica, o “homem do baú” que entregava prêmios e realizava sonhos, mas que também sabia, como poucos, os caminhos e armadilhas do poder e do dinheiro. 

Silvio Santos foi amado e odiado, celebrado e criticado, mas nunca ignorado. Será lembrado como uma figura singular e pioneira na história da televisão brasileira, um homem que soube como poucos dominar a arte de entreter e engajar e, sobretudo, vender.