Depois de vender as plantas da Petrobrás que produziam insumo para a agricultura, governo diz que reduzir a dependência externa. Mas Temer e o extremista entregaram fábricas na bacia das almas

 

O Golpe de 2016 produziu uma crise na base da agricultura brasileira. Em janeiro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro encerrou as atividades da fábrica de Fertilizantes da Petrobrás, em Araucária (PR). Dois anos antes, o golpista Michel Temer dava o caminho das pedras ao sucessor, fechando a fábrica de fertilizantes nitrogenados da Bahia e de Sergipe.

O Golpe de 2016 produziu uma crise na base da agricultura brasileira. Em janeiro de 2020, o presidente Jair Bolsonaro encerrou as atividades da fábrica de Fertilizantes da Petrobrás, em Araucária (PR). Dois anos antes, o golpista Michel Temer dava o caminho das pedras ao sucessor, fechando a fábrica de fertilizantes nitrogenados da Bahia e de Sergipe.

Assim, a Petrobras deixou de ser a maior produtora mundial de nitrogenados, abandonando o Brasil, o quarto consumidor mundial de fertilizantes, à mercê dos humores do mercado. A guerra na Ucrânia mostra que a decisão tomada por Temer e Bolsonaro deixaram o país vulnerável no momento mais grave da economia global dos últimos 30 anos.

O Brasil é o quarto maior produtor de grãos do mundo e o segundo maior exportador. Essa produção exige a utilização de fertilizantes e hoje 85% desses produtos são comprados no mercado internacional, sendo que a Rússia é um dos maiores fornecedores do insumo para o agronegócio.

Diante do potencial risco de desabastecimento de fertilizantes no Brasil como efeito da guerra, Bolsonaro lançou na sexta-feira, 11, em cerimônia no Palácio do Planalto, o Plano Nacional de Fertilizantes. A ideia é reduzir a dependência do país das importações dos insumos. Bolsonaro chegou a dizer que o plano, cobrado por setores do agronegócio há anos, veio de “forma tardia, mas veio”.

Mentiroso, ele não lembra que foi um dos artífices do golpe mortal contra a agricultura ao vender fábricas de fertilizantess. Pior é a posição da ministra da Agricultura, Tereza Cristina. Ela teve o desplante de dizer na cerimônia que o Brasil poderá um dia zerar a importação dos fertilizantes, mas que o plano não busca a autossuficiência brasileira dos insumos.

O governo corre atrás do prejuízo e prevê ações para a produção dos insumos nacionalmente, por 28 anos, até 2050. “Não estamos buscando autossuficiência, mas, sim, capacidade de superar desafios e manter nossa maior riqueza, o agronegócio”, comentou a ministra ruralista.

Ou seja, se depender de Bolsonaro e da turma do agronegócio, o Brasil permanecerá exposto aos humores do mercado, porque o governo não tem interesse em garantir a autossuficiência em fertilizantes. Ela mesma mostrou como o país está de joelhos perante os interesses estrangeiros.

No início de março, a ministra disse que o Brasil tomou uma decisão equivocada ao paralisar a produção nacional de fertilizantes. Para ela, a autossuficiência é uma questão de segurança alimentar e até de segurança nacional. Dois dias depois, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu: “Foram os governos de Temer e Bolsonaro que erraram, não o Brasil, fechando fábricas de fertilizantes na Bahia, em Sergipe e no Paraná”.

Na sexta-feira, a ministra voltou ao tema. “No potássio, nosso maior desafio, dependemos 96% de importações. Temos perspectivas de longo prazo para exploração no Brasil, mas nesse momento é fundamental pensar quer precisamos manter nosso agronegócio competitivo”, disse Tereza. “Não estamos apenas reagindo a uma crise, estamos tratando de problema estrutural”.

No momento em que o governo pressiona pela aprovação de projeto de lei, no Congresso, que autoriza a exploração mineral em terras indígenas, a ministra ainda defendeu que o Brasil é uma “potência mineral, assim como é potência agroambiental”.

O Ministério da Agricultura diz que o objetivo do plano é garantir uma autonomia do Brasil de 50% em relação à produção do insumo.

O secretário de Assuntos Estratégicos (SAE), Flávio Rocha, afirmou que o Itamaraty busca o cumprimento de contratos de importação de fertilizantes. “Estamos frente a um desafio complexo: na última década, desde 2010, o consumo de fertilizantes aumentou em 66%, enquanto a produção nacional diminuiu 30%. É equação que não se fecha”, declarou. Ele só não disse que a produção diminuiu por uma decisão tomada por Temer e aprofundada por Bolsonaro. •